O Reino Unido tem um novo melhor amigo improvável: o Brasil

Palácio do Planalto / Flickr

Lula da Silva e Keir Starmer

Com perspetivas semelhantes no combate às alterações climáticas, o Reino Unido e o Brasil estão a formar uma aliança inesperada, com acordos comercais também na calha. As posições divergentes sobre o conflito na Ucrânia parecem ser a única espinha na relação entre Lula e Keir Starmer.

No meio da incerteza sobre o regresso de Trump e a relação mais fria com a União Europeia no pós-Brexit, o Reino Unido está a forjar uma parceria inesperada com o Brasil.

Desde a ascensão de Starmer ao poder em julho, o Reino Unido intensificou os esforços diplomáticos com o Brasil, enviando 12 ministros ao país sul-americano, com um foco no combate à crise climática.

As nações já anunciaram iniciativas conjuntas, como a Aliança para a Energia Limpa — uma coligação de 11 países e a União Africana com o objetivo de triplicar a produção de energia renovável até 2030.

Esta cooperação prepara o terreno para uma colaboração mais profunda antes da COP30, a cimeira das Nações Unidas sobre o clima em 2025, que terá lugar em Belém, no Brasil, refere o Politico.

Ambas as nações têm objetivos ambiciosos em matéria de clima: O Brasil pretende acabar com a desflorestação ilegal até 2030, enquanto o Reino Unido procura quase eliminar os combustíveis fósseis do seu abastecimento de eletricidade dentro do mesmo prazo.

No meio das negociações diplomáticas, os dois líderes também se uniram por causa do amor partilhado pelo futebol. Lula e Starmer, ambos entusiastas ávidos, encontraram pontos em comum ao discutir o desporto, com o apoio de Starmer ao Arsenal — que conta com quatro jogadores brasileiros — a tornar-se um tema alegre para quebrar o gelo.

As discussões comerciais também estão no horizonte. O Brasil, a décima maior economia do mundo, tem potencial para estabelecer laços económicos mais fortes com o Reino Unido, embora os atuais níveis de comércio sejam modestos.

No entanto, as barreiras comerciais existentes, como o lento progresso do acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, servem de alerta. As preocupações dos agricultores europeus com a concorrência das importações brasileiras sublinham as complexidades que Starmer tem de enfrentar, especialmente quando gere os interesses dos produtores nacionais.

Embora estejam alinhados nos objetivos climáticos, a aliança enfrenta desafios no alinhamento da política externa, particularmente no que diz respeito à guerra na Ucrânia.

O Reino Unido continua a apoiar firmemente a Ucrânia, fornecendo ajuda militar, enquanto Lula tem defendido uma solução negociada, citando a dependência do Brasil dos fertilizantes russos e os seus laços económicos com a China.

Esta parceria florescente surge numa altura em que as alianças globais tradicionais enfrentam incertezas. O papel do Brasil como ponte entre as nações mais ricas e em desenvolvimento oferece uma vantagem estratégica única.

ZAP //

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