A ministra do Interior britânica, Theresa May, deixou claro que o governo conservador “vai resistir” aos planos da UE para fixar no Reino Unido imigrantes chegados ao continente pelo mar Mediterrâneo.
Num artigo publicado esta quarta-feira no diário The Times, a ministra mostra-se em desacordo com a mensagem transmitida na segunda-feira às Nações Unidas pela chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, na qual garantiu que a UE actuará em conformidade com a lei, assegurando que nenhum refugiado ou imigrante encontrado no mar seja devolvido ao ponto de origem contra vontade.
Para May “esta perspectiva vai funcionar como um incentivo no Mediterrâneo e levará mais pessoas a arriscarem a sua vida” para tentar chegar à Europa.
A ministra, cujo partido ganhou por maioria absoluta as legislativas britânicas na quinta-feira, pediu “para não se fazer nada que incentive mais pessoas a empreender estas perigosas viagens” por mar “ou que se facilitem as coisas para os grupos” de traficantes que exploram os imigrantes.
“Por este motivo, o Reino Unido não vai participar num sistema obrigatório de acolhimento” de imigrantes, declarou.
May advertiu ser preciso “distinguir entre aqueles que fogem de perseguições e os imigrantes económicos que atravessam o Mediterrâneo à procura de uma vida melhor”.
Na opinião da ministra, o que deve ser feito para travar a chegada de imigrantes à Europa, através do Mediterrâneo, e evitar mais mortes, é activar um plano que separe as operações de socorro dos processos de obtenção de vistos de entrada na UE.
Para isso seria necessário estabelecer bases no norte de África para gerir os regressos, enquanto as forças de segurança se ocupariam das operações de socorro, em caso de naufrágios, e da perseguição aos traficantes.
A segunda proposta do Reino Unido é “deter o problema na origem, atrasando o processo de viagem nos países de trânsito”, o que levaria a “um regresso aos países de origem” ou à permanência em Estados fora da Europa.
Em terceiro lugar, May propõe a organização de um programa europeu de luta contra o crime organizado que trafica imigrantes, desesperados por chegar ao continente europeu.
“Finalmente, devemos resistir – e resistiremos – aos apelos para um acolhimento e permanência obrigatórios de imigrantes na Europa”, defendeu.
De acordo com dados da ONU, entre janeiro e finais de abril, quase 1.800 imigrantes morreram ao tentarem atravessar o mar Mediterrâneo para chegar à Europa, 30 vezes mais do que em igual período do ano passado.
/Lusa