Deveria Cristiano Ronaldo bater os livres na Juventus e na Seleção? As estatísticas sugerem que não. CR7 precisa de assumir 200 livres para marcar três golos.
O nome do jogador que mais livres diretos cobrou nas principais ligas europeias nas últimas quatro épocas não surpreenderá os mais atentos, mas o mesmo já não se poderá dizer da distância que o separa do segundo classificado, curiosamente ambos reconhecidos como os dois melhores jogadores da sua era.
Leo Messi assumiu nada menos do que 159 cobranças e atrás dele surge Cristiano Ronaldo com 66.
O argentino lidera não só no total de livres cobrados como também no número de golos obtidos, com 19. O segundo maior “goleador” da disciplina é certamente uma surpresa para a maioria dos leitores: James Ward-Prowse.
O médio inglês do Southampton (26 anos, €28M de valor de mercado), que soma apenas seis internacionalizações pela Seleção dos “três leões”, concretizou nove golos em 53 disparos de livre, desde o verão de 2017.
Serão estes os melhores batedores de livres nas principais ligas europeias? Messi (com uma taxa de conversão de 12%) não se limita a bater os livres diretos do lado direito do campo, nem tão pouco parece ter uma preferência do lado da baliza para onde aponta o seu disparo.
Assumimos, então, que o astro argentino muda a sua abordagem em função do comportamento do guarda-redes e da posição da barreira, mas a verdade é que a sua eficácia é bem evidente.
Já Ward-Prowse parece ter um livre-tipo, não só no que toca à colocação da bola, como também no local de onde assume a cobrança. Um livre que tende mais para o lado esquerdo do campo e rematado ao poste mais próximo é a impressão digital do inglês, que só esta época já leva quatro golos em 16 tentativas, na Premier.
Uma questão de eficácia
A nossa equipa está empatada num jogo decisivo e foi assinalado um livre direto a 25 metros da baliza no último minuto. Quem escolheria para bater essa bola parada: Cristiano Ronaldo ou James Ward-Prowse? Kevin De Bruyne ou Sergej Milinkovic-Savic?
Os números dizem-nos que nem Ronaldo nem De Bruyne devem tomar balanço para disparar esse hipotético livre, mas sim Ward-Prowse ou Savic.
Iago Aspas (Celta de Vigo), Andrej Kramaric (Hoffenheim), James Ward-Prowse (Southampton), Sergej Milinkovic-Savic (Lazio) e Jonathan Schmid (Freiburg) são os únicos jogadores que ultrapassam os 15% de conversão de livres, na análise proposta.
No fundo da lista surgem De Bruyne e o “nosso” Cristiano Ronaldo. Com base nos números dos últimos quatro anos, Cristiano precisa de assumir 200 livres para marcar três golos.
A sua eficácia é a mais baixa de todos os jogadores com pelo menos um golo de livre obtido desde 17/18, o que alimenta a discussão sobre o seu estatuto de indiscutível cobrador, na Juventus e na Seleção.
Que opção para a Seleção?
Cristiano Ronaldo é a figura-maior da História da Seleção de Portugal. Com um número de golos notável, o astro procura aumentar a sua conta de todas as maneiras e feitios, uma delas o livre direto.
Mas por muito que queiramos ver CR7 ultrapassar Ali Daei, os números parecem indicar o que tanto o jogador como Fernando Santos já deviam ter percebido: o capitão não é a opção mais eficaz à disposição da “Seleção das Quinas”.
Os números não deixam muitas dúvidas, tanto Bruno Fernandes como Sérgio Oliveira superam Cristiano, no que toca à qualidade e eficácia dos seus livres diretos. Até mesmo Rúben Neves e João Moutinho surgem como possibilidades mais eficazes.
Enquanto Sérgio Oliveira só cobrou 20 livres (convertendo dois, “três” se quiser contar com o último lance em Portimão, que acabou por ser considerado como autogolo), Bruno Fernandes tem uma amostra mais significativa, tanto no número de tentativas (51) como no sucesso (cinco, que bem podiam ser mais tendo em conta as três bolas nos ferros).
Ambos os jogadores têm uma taxa próxima dos 10%, sete vezes superior à de Ronaldo.
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