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Há um região escondida no cérebro humano (e foi encontrada por acaso)

Liz Henry / Flickr

Parece que os humanos têm mais uma parte no cérebro que não é encontrado em cérebros de outros primatas. Um grupo de cientistas australianos encontraram uma estrutura cerebral previamente desconhecida.

O neurocientista George Paxinos e sua equipa da Neuroscience Research Australia (NeuRA) denominaram a descoberta de “núcleo endorestiforme” – porque está localizado dentro do pedúnculo cerebeloso inferior (também chamado de corpo restiforme). É encontrado na base do cérebro, perto de onde o cérebro encontra a medula espinhal.

A área está envolvida com a receção de informações sensoriais e motoras do corpo para melhorar a postura, equilíbrio e movimentos.

“O pedúnculo cerebeloso inferior é como um rio que transporta informações da medula espinhal e do tronco cerebral para o cerebelo”, disse Paxinos. “O núcleo endorestiforme é um grupo de neurónios e é como uma ilha neste rio.”

A neurocientista Lyndsey Collins-Praino, da Universidade de Adelaide, que não esteve envolvida no estudo, considerou a descoberta “intrigante”. “Enquanto se pode especular que o núcleo pode desempenhar um papel fundamental nas funções do pedúnculo cerebelar inferior, é muito cedo para saber o seu verdadeiro significado”, acrescentou.

Paxinos confirmou a existência desta estrutura cerebral enquanto usava uma técnica de coloração cerebral relativamente nova que desenvolveu para tornar as imagens dos tecidos cerebrais mais claras – para o mais recente atlas de neuroanatomia em que estava a trabalhar.

“O núcleo endorestiforme é muito evidente pela sua densa coloração e ainda mais evidente porque as áreas circundantes são negativas”, explicou Paxinos.

Há décadas que Paxinos suspeitava a existência desta parte do cérebro. Numa cirurgia para aliviar a dor extrema e incurável ao cortar as vias da coluna, o cientistas notou que as fibras da coluna pareciam ter terminado onde o núcleo foi encontrado.

A localização deste elemento do cérebro leva Paxinos a pressupor que o núcleo esteja envolvida no controlo motor – algo também apoiado pelo facto de que esta estrutura ainda não foi identificada noutros primatas, como os chimpazés.

Os seres humanos têm cérebros pelo menos duas vezes maiores que os chimpanzés e uma percentagem maior de vias neuronais cerebrais que sinalizam movimento está em contacto direto com os neurónios motores – 20% comparado a 5% no primatas.

Assim, o núcleo endorrestiforme pode ser outra característica única do sistema nervoso humano, embora ainda seja cedo para ter certezas.

“A neuroanatomia é fundamental para servir como base para a construção de um conhecimento de função normal e anormal, mas, neste momento, é simplesmente impossível saber que implicações esta descoberta pode ter nas doenças neurológicas ou psiquiátricas”, disse Collins-Praino.

Paxinos, que tem 52 livros sobre o mapeamento cerebral, planeia continuar usando a nova técnica de coloração para vasculhar cérebros em busca de mais detalhes e compará-los com outras as espécies.

Essa descoberta ainda precisa de ser examinada, mas os detalhes da nova área do cérebro podem ser encontrados no último atlas de Paxinos, intitulado Human Brainstem: Cytoarchitecture, Chemoarchitecture, Myeloarchitecture e disponível a partir de março do próximo ano.

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