Apesar de os furtos no geral estarem a diminuir, estão a aumentar os crimes relacionados com grupos organizados itinerantes com origem estrangeira.
A PSP está em estado de alerta devido a redes criminosas itinerantes que andam a furtar casas em Portugal. Apesar de os furtos em residências terem registado uma diminuição em 2023, os grupos organizados que entram no país exclusivamente para cometer crimes permanecem uma preocupação central para as autoridades.
Segundo a PSP, foram registados 6533 furtos no interior de residências entre janeiro e novembro de 2023, uma redução face aos 6914 casos no mesmo período de 2022. Apesar da descida, a média diária ainda se mantém elevada, com cerca de 19,5 ocorrências. O método mais utilizado inclui arrombamento, escalamento ou o uso de chave falsa, com 3151 casos este ano. Em contrapartida, os furtos em áreas anexas às residências aumentaram de 1484 em 2022 para 1747 em 2023.
Os prejuízos acumulados pelos lesados em 2023 alcançaram os 13,4 milhões de euros, menos que os 25,1 milhões de 2022. No entanto, a PSP reforça que os furtos continuam a impactar de forma relevante o património das vítimas, alinhando-se com as conclusões do relatório SOCTA 2021 da Europol, que evidencia o crime organizado contra património como um problema em toda a União Europeia.
Durante 2023, a PSP desmantelou várias redes criminosas, destacando-se um grupo albanês que atuou em moradias de luxo em Sintra, Charneca de Caparica e Ericeira. Este grupo, composto por quatro cidadãos albaneses e um português, usava táticas sofisticadas, como o uso de luvas, máscaras cirúrgicas, walkie-talkies e matrículas furtadas para encobrir os crimes. Os criminosos visavam principalmente objetos de alto valor, incluindo joias, relógios e cofres, explica o Público.
A colaboração entre os arguidos foi facilitada por um ourives português que providenciava alojamento, veículos e ajudava a escoar os bens furtados através de leiloeiras. A investigação culminou na detenção dos envolvidos e na sua condenação pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.
Os arguidos albaneses receberam penas de prisão entre 7 e 10 anos e foram expulsos de Portugal por cinco anos. O português, condenado a quatro anos, está proibido de exercer atividades relacionadas com metais preciosos pelo mesmo período.