Reconstrução 3D revela os segredos de Lucy, a nossa antepassada com três milhões de anos

carlos_lorenzo / Flickr

Lucy, uma Australopithecus Afarensis que viveu há 3 milhões de anos

O modelo indica que Lucy conseguia andar de pé tal como nós, mas que também estava apta a viver nas árvores.

Um novo estudo publicado na Royal Society Open Science relata o uso de software de modelos 3D que reconstroem os músculos do fóssil de 3,2 milhões de anos da nossa antepassada Lucy.

Os modelos mostram que Lucy, da espécie Australopithecus afarensis, tinha músculos das pernas e pélvicos fortes, que a ajudavam a agarrar-se às árvores e músculos nos joelhos que permitiam que andasse de pé.

“O australopithecus afarensis teria percorrido áreas de pastagens arborizadas abertas, bem como florestas mais densas na África Oriental há cerca de 3 a 4 milhões de anos. Estas reconstruções dos músculos de Lucy sugerem que ela teria sido capaz de explorar ambos os habitats de forma eficaz”, explica a paleoantropologista e autora do estudo Ashleigh Wiseman.

O fóssil de Lucy foi descoberto na década de 1970. Embora a possibilidade de que já conseguia andar ser geralmente aceitada na comunidade científica, o debate continua sobre se esse bipedismo era mais um balançar ao estilo chimpanzé ou algo semelhante à marcha ereta vista nos humanos modernos, escreve o Science Alert.

Wiseman usou as mais recentes ferramentas de modelagem de computador para reconstruir o tecido mole que não sobreviveu com o fóssil. Começando com o que sabemos de estruturas ósseas e musculares humanas vivas, a cientista trabalhou de trás para frente, procurando pistas no fóssil AL 288-1, incluindo as suas dimensões, estrutura e os traços que os músculos deixam onde se ligam ao osso.

Os músculos gerados pelos modelos mostram que Lucy seria capaz de ficar de pé. Foram reconstruídos 36 músculos em cada perna, a maioria maior do que seus equivalentes nos humanos modernos.

“Os músculos de Lucy sugerem que ela era tão proficiente no bipedalismo quanto nós, embora possivelmente também se sentisse em casa nas árvores. Lucy provavelmente andava e movia-se de uma maneira que não vemos em qualquer espécie viva hoje”, acrescenta.

É a primeira vez que o tecido mole de um antepassado humano foi reconstruído dessa maneira, mas é improvável que seja a última, já que a mesma técnica de modelagem pode ser usada com outros fósseis.

ZAP //

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