Uma equipa de cientistas testou várias receitas para chegar à panqueca perfeita. E porque é que isto é ciência? Porque a física da panqueca ideal pode ajudar os médicos a lutarem contra a cegueira.
Nesta investigação da University College London (UCL), um grupo de investigadores avaliou as texturas e padrões das panquecas com o intuito de melhorar métodos cirúrgicos para o tratamento do glaucoma, uma doença que se deve à pressão provocada por fluídos sobre os olhos e que pode levar à cegueira.
Um dos métodos de tratamento para este problema é criar, cirurgicamente, canais de fuga para os fluídos, cortando as folhas flexíveis da esclerótica – a capa externa e de cor branca que cobre o globo ocular.
Perceber como se pode chegar à panqueca perfeita está a ajudar os cientistas a entenderem “como é que folhas flexíveis, como as que se encontram no olho humano, interagem com líquidos e vapores fluídos”, explica a UCL num comunicado divulgado pelo Eurekalert.
Os investigadores compararam 14 receitas diferentes de panquecas de todas as partes do mundo e analisaram o seu aspecto e diâmetro, em comparação com o volume da respectiva massa, bem como o rácio entre o líquido e a farinha usados para a sua confecção.
“Descobrimos que as variações na textura e nos padrões resultam de diferenças na forma como a água se liberta da massa, durante a cozedura, e que isto depende largamente da espessura e do alastramento da massa”, explica um dos envolvidos na investigação, o professor de Mecânicos Fluídos no Departamento de Engenharia da UCL, Ian Eames.
“Se a massa se espalha facilmente pela frigideira, a panqueca acaba com uma superfície com um padrão liso e menos queimado, já que o fluxo de vapor amortece o calor da frigideira”, acrescenta outro dos investigadores, Yann Bouremel, do Instituto de Oftalmologia da UCL.
“Descobrimos que uma panqueca fina só pode ser criada espalhando fisicamente a massa em toda a frigideira e, neste caso, o vapor tende a libertar-se através de canais ou de difusão”, nota ainda Bouremel no comunicado.
Uma investigação, agora publicada na na revista Mathematics TODAY, que é “um exemplo maravilhoso de como a ciência de actividades quotidianas pode ajudar com tratamentos médicos do futuro”, nota outro dos investigadores envolvidos, Peng Khaw.
SV, ZAP