Após ter-se referido a uma possível aministia como uma “traição” à Constituição, o líder do PP mudou de posição e está agora disposto a negociar um perdão aos independentistas catalães.
A campanha para as eleições galegas marcadas para 18 de Fevereiro está a ser dominada pela amnistia para figuras do movimento independentista catalão.
Após o partido de Carles Puigdemont ter bloqueado a Lei da Amnistia para a Normalização Institucional, Política e Social da Catalunha, foi a vez de Alberto Nuñez Feijóo, líder do Partido Popular, gerar surpresa num volte-face inesperado.
Feijóo admite agora considerar aprovar a amnistia, que tem sido um ponto de discórdia entre o Governo e os partidos independentistas catalães. Esta admissão representa uma mudança significativa na postura do PP, que passou os últimos meses a atacar a proximidade entre Sánchez e os independentistas.
A possibilidade de um “indulto condicional” a Puigdemont está a agora em cima da mesa, com o PP a estar disposto a negociar se o líder catalão voltar do seu exílio político na Bélgica e se “submeter à justiça espanhola, verbalizando o seu arrependimento e comprometendo-se de forma explícita a cumprir o Estado de direito”, explica o El País.
Este desenvolvimento vem na sequência de comentários provocadores de Puigdemont sobre os detalhes das negociações entre o PP e o seu partido, na altura em que ainda estava a ser estudado um possível apoio do Juntos Pela Catalunha a um Governo liderado por Feijóo.
“De uma coisa estou certo. Se o meu partido tivesse permitido a investidura do candidato do PP, Alberto Núñez Feijóo, ou impedido a de Pedro Sánchez, seríamos poupados a estes espectáculos“, escreveu Puigdemont.
A mudança de postura de Feijóo é ainda mais surpreendente dadas as palavras duras com que descreveu a amnistia durante as negociações entre Sánchez e os independentistas, considerando-a “infame”, uma “desonra” e uma “traição” à Constituição. O líder do PP acusou ainda o rival do PSOE de negociar com um “criminoso trânsfuga”, referindo-se a Puigdemont.
A reação à reviravolta de Feijóoo não se fez esperar. Pedro Sánchez considera que é óbvio que Feijóo também teria apoiado uma amnistia “caso não dependesse do Vox” para conseguir formar Governo, dado que o partido de extrema-direita é firmemente contra o indulto aos independentistas.
Santiago Abascal, líder do Vox, também já comentou as declarações de Feijóo, considerando que a sua abertura à aprovação da administia é um “grave insulto aos espanhóis”.
A situação coloca Feijóo numa encruzilhada crítica, com a necessidade de renovar a maioria absoluta do PP na Galiza para reforçar a sua liderança, apenas sete meses após sofrer um duro golpe quando não conseguiu formar Governo, apesar de ter sido o partido mais votado nas legislativas.
O poder está caro em Espanha. Cá, em 2015, também não foi muito barato e acabou por ser um fiasco e a causa do atual tormento do país e dos portugueses.