Reabertura faseada das escolas deve ser por idades e por nível da doença em cada região

Manuel de Almeida / Lusa

Os especialistas concordam com a reabertura faseada dos estabelecimentos de ensino, considerando que esta deve ser feita por idades e tendo em conta a incidência da doença em cada região.

Em declarações ao Diário de Notícias, o pneumologista e porta-voz do Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos, Filipe Froes, considerou que a reabertura faseada das escolas deve ter em conta a idades dos alunos.

“A reabertura terá de começar pelas faixas etárias em que o risco menor e é mais facilmente controlável”, ou seja, “começaria pela reabertura das creches, dos zero aos três anos, e depois, eventualmente, a partir daqui até aos 12 anos, porque sabemos que as crianças nestas idades, entre outros fatores, têm menor densidade de recetores AC2 aos quais o vírus se liga. Não só têm menos doença como menos transmissibilidade”, explicou.

O especialista defendeu também que esta reabertura deve ser trabalhada a nível regional, tendo em consideração fatores como os indicadores de incidência da doença de cada região.

Filipe Froes alertou que a proposta de reabertura deve ter em conta o RT de cada região, devendo este estar abaixo de 1 ou em 1, e que as escolas nunca poderiam reabrir em regiões que “não tivessem um número de novos casos abaixo dos 480 por cem mil habitantes”.

O pneumologista defendeu a capacidade de testagem e de realização dos inquéritos epidemiológicos sem atrasos também é muito relevante, pois é a única forma de travar as cadeias de transmissão da doença. “É preciso haver uma capacidade de testagem rápida nas escolas e de diagnóstico e rastreio a possíveis assintomáticos”, sublinhou.

A rádio TSF avança, esta sexta-feira, que os estabelecimentos de ensino com estudantes do Ensino Secundário, prisões e outros locais considerados de “elevada exposição social”, como as fábricas e a construção civil, nos concelhos com mais de 480 casos por 100 mil habitantes, vão ser alvo de testes a cada duas semanas.

Para o médico do Hospital Pulido Valente, a reabertura das escolas só deveria acontecer quando todos estes pontos estivessem alinhados, assim como o cumprimento das orientações da OMS para a vacinação até final de março, ou seja, 80% dos profissionais de saúde, dos doentes crónicos e dos maiores de 80 anos vacinados.

Da mesma opinião partilha o epidemiologista Ricardo Mexia, considerando que a reabertura deve começar “pelas faixas etárias mais jovens, não devido à questão da transmissibilidade, porque nesta matéria há alguma divergência, mas porque a partir dos 12 anos o contexto de transmissão não ocorre só dentro da escola, ocorre sobretudo fora, sendo este o espaço onde os adolescentes mais interagem e sem controlo de regras”.

Recorde-se que o Presidente da República incluiu no novo decreto do estado de emergência, aprovado na Assembleia da República esta quinta-feira, uma exigência para que seja elaborado um plano de reabertura das escolas.

ZAP //

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