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Afinal, o famoso “rapaz da Gran Dolina” era uma rapariga

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(dr) Tom Björklund / CENIEH

Afinal, o famoso “rapaz da Gran Dolina” era uma rapariga

Uma análise aos dentes do famoso fóssil de Atapuerca, em Espanha, revelou que este rapaz era, na verdade, uma rapariga.

O “rapaz da Gran Dolina”, como é conhecido, é um dos fósseis mais emblemáticos da Serra de Atapuerca, no norte de Espanha. Pertence à espécie Homo antecessor e os seus restos mortais foram descobertos durante uma escavação em 1994. Mas agora, conta o jornal espanhol ABC, uma análise aos seus dentes revelou que se tratava, na verdade, de uma rapariga.

Segundo o diário, esta não é a primeira vez que se fica a saber o sexo de um Homo antecessor. No ano passado, uma análise das proteínas presentes no esmalte de um pequeno fragmento de um dente revelou que pertencia a um indivíduo do sexo masculino.

No entanto, desconhecia-se este dado nos dois fósseis mais famosos destes hominídeos: o chamado indivíduo H1, a partir do qual se definiu a própria espécie, e o indivíduo H3, conhecido até agora como o “rapaz da Gran Dolina”.

Como fazer a análise das proteínas implicaria destruir os fósseis, Cecilia García Campos, a líder desta nova pesquisa e investigadora do grupo de Antropologia Dentária do Centro Nacional de Investigação sobre a Evolução Humana (CENIEH), decidiu abordar a questão de outra forma.

(dr) Cecilia García Campos

Os dentes do indivíduo H1

Em primeiro lugar, fez uma análise dos tecidos dentários de uma amostra da população atual e conseguiu atribuir, com uma taxa de sucesso de 92,3%, o sexo de cada indivíduo. Por sua vez, os fósseis H1 e H3 foram analisados ​​de forma segura com recurso à microtomografia computadorizada (microCT), o que permitiu fazer uma reconstrução 3D dos dentes e observar a dentina, o volume das raízes, o esmalte e outros detalhes.

De acordo com o ABC, os resultados mostraram diferenças comparáveis ​​às observadas entre os homens e as mulheres dos dias de hoje, o que permitiu à equipa afirmar com segurança duas coisas: o H1 era do sexo masculino (algo que já se suspeitava devido ao seu tamanho e outras características) e o H3 era do sexo feminino.

Os investigadores estimam que esta jovem teria entre nove e 11 anos quando morreu e certo é que foi vítima de canibalismo, uma prática que seria comum naquela altura.

É o caso de canibalismo mais antigo e mais bem documentado até agora”, afirmou ao jornal o paleoantropólogo José María Bermúdez de Castro, que é também vice-presidente da Fundação Atapuerca.

O novo estudo foi publicado, a 16 de março, na revista científica Journal of Anthropological Sciences.

ZAP //

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