O presidente do Governo espanhol em funções, Mariano Rajoy (PP, no poder desde 2011), anunciou esta terça-feira que aceitou o convite do Rei de Espanha para formar governo, contando com o anunciado voto de abstenção do PSOE.
“Aceitei submeter-me outra vez à confiança da câmara”, declarou Mariano Rajoy após o encontro com Felipe VI.
O governo PP de Rajoy estava em funções desde as eleições legislativas de 20 de dezembro, que ditaram o mesmo cenário das eleições de 26 de junho deste ano. Rajoy ganhou as eleições de 26 de junho, mas sem maioria absoluta e sem possibilidade de a conseguir apenas com os votos do partido de centro-direita Ciudadanos no Congresso dos Deputados.
Nas eleições de 26 de junho, o PP foi o partido mais votado (33,0 % dos votos e 137 deputados), seguido pelo PSOE (22,7 % e 85), Unidos Podemos (21,1 % e 71) e Cidadãos (13,0 % e 32).
O atual presidente em funções precisava da abstenção de pelo menos 11 deputados do PSOE numa segunda votação da sessão de investidura.
Depois de mudar a sua liderança, afastando Pedro Sánchez, o PSOE decidiu no passado fim-de-semana que se iria abster numa votação de investidura de Rajoy, viabilizando assim mais um governo da direita.
A posição do PSOE viabiliza a formação de um novo executivo liderado por Mariano Rajoy depois de dez meses de impasse político.
O Congresso dos Deputados deverá reunir-se a partir desta quarta-feira, esperando-se que uma primeira votação na quinta-feira chumbe a investidura do líder do PP que, no entanto, passaria na segunda votação, prevista para sábado, com a abstenção dos deputados socialistas.
PSOE assegura que partido vai liderar a oposição
O líder provisório do PSOE, Javier Fernández, assegurou ontem em Madrid que os socialistas vão liderar a oposição ao próximo Governo de direita em Espanha, que deverá tomar posse antes do fim do mês, recusando as críticas feitas pela extrema-esquerda.
“Estou convencido de que o Podemos vai para a rua e o grupo parlamentar socialista liderará a oposição” ao Governo de Mariano Rajoy do PP (Partido Popular, direita), disse Javier Fernández depois de se ter reunido com o rei Felipe VI.
O presidente da comissão de gestão do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) disse ao chefe de Estado que “o grupo socialista vai abster-se” na sessão de investidura que deverá terminar no fim de semana quando houver uma segunda votação ao nome de Mariano Rajoy.
Javier Fernández desvalorizou a atual divisão dos socialistas, com alguns deputados a ameaçar votar “não” a Rajoy, contra a indicação dada de se absterem.
“O que temos de fazer agora é convencê-los a não tomar essa posição” (votarem “não”), disse Fernández, acrescentando que espera que “todos votem em consonância com o decidido pelo Comité Federal” socialista.
Javier Fernández sublinhou que a abstenção dos socialistas não significa que o partido “garanta” a estabilidade governativa a Rajoy ou que vá apoiar a proposta de orçamento geral de Estado para 2017.
O líder do Podemos, Pablo Iglesias, acusou o PSOE de se unir ao PP e Cidadãos para formar um novo Governo em Espanha, qualificando de “histórico” a investidura de Mariano Rajoy.
“Penso que a nós só nos resta ser oposição”, resumiu Pablo Iglesias, acrescentando que o próximo executivo de direita vai ser “duradouro” e caraterizar-se pela continuação da “corrupção, ineficácia e imobilismo”.
ZAP / Lusa