Quem é a “teimosa e assertiva” Nikki Haley? A última mulher de pé contra Donald Trump

Nikki Haley – a mulher que se inspirou em Hillary Clinton para se candidatar a cargos públicos e teve de “tapar o nariz” para votar em Trump – é agora a última candidata de pé contra o ex-Presidente na corrida pela nomeação republicana.

Ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora norte-americana junto da Organização das Nações Unidas (ONU) na administração de Donald Trump, Nikki Haley chega às primárias republicanas com um detalhe importante no currículo: quando entra numa eleição, é para vencer.

Nikki Haley, de 52 anos, lidou com sexismo pronunciado durante toda a sua ascensão política e, apesar de insistir que os Estados Unidos nunca foram um país racista, deparou-se com vários obstáculos devido à sua etnia.

Filha de imigrantes indianos abastados, que se mudaram para os EUA nos anos sessenta, Nimrata Nikki Randhawa cresceu em Bamberg, na Carolina do Sul, onde não havia mais famílias indianas nem praticantes da religião Sikh.

Formada em contabilidade pela Universidade de Clemson, a então jovem indiana-americana trabalhou na empresa fundada pela mãe Raj Kaur Randhawa, Exotica International, que se tornou num negócio de milhões.

Foi na universidade que conheceu o marido Bill Haley, que convenceria a passar a usar o nome do meio, Michael, porque achou que ele “não tinha cara de Bill”. Com ele, converteu-se ao cristianismo.

“Baseada” em Hillary Clinton

A sua entrada na cena política aconteceu depois de casada, com dois filhos pequenos, após assistir a uma palestra de Hillary Clinton na Universidade de Birmingham.

Mas as duas mulheres seguiram caminhos políticos radicalmente diferentes. Haley foi eleita para a Câmara de Representantes da Carolina do Sul em 2004, aos 32 anos, pelo Partido Republicano.

As suas políticas eram bastante conservadoras, no sentido tradicional: aversão a impostos, restrição fiscal, restrição ao direito ao aborto e defesa de leis de imigração mais rígidas.

Em 2010, aos 38 anos, fez história ao tornar-se na primeira mulher governadora da Carolina do Sul, além de ser a primeira indiana-americana no cargo. Até então, apenas homens brancos tinham sido eleitos.

O cargo trouxe-lhe notoriedade nacional quando liderou a iniciativa para remover de um monumento a bandeira da Confederação – que perdeu a guerra civil norte-americana contra a União – em 2015. A medida foi tomada depois de Dylann Roof ter assassinado a tiro nove afro-americanos numa igreja em Charleston, um ataque abertamente racista que Haley denunciou. No ano seguinte, a revista Time incluiu-a na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo.

Relação “amor-ódio” com Trump

Durante a campanha de Donald Trump para a nomeação presidencial republicana, entre 2015 e 2016, Nikki Haley criticou os seus falhanços como empresário, a sua postura cáustica e o facto de não denunciar o Ku Klux Klan.

No entanto, acabou por votar em Donald Trump em 2016 e aceitou o seu convite para embaixadora dos EUA junto das Nações Unidas, apesar de não ter experiência como diplomata. Estava a meio do segundo mandato como governadora da Carolina do Sul.

O seu desempenho foi geralmente apreciado até ao momento em que decidiu sair, no final de 2018. Nessa altura, o New York Times escreveu que ela, ao contrário de muitos outros membros da administração Trump que saíram em rota de colisão, conseguiu ficar “com a sua dignidade praticamente intacta”.

Nos anos que se seguiram, e mesmo no seu livro de memórias “With All Due Respect”, Haley evitou críticas ásperas a Trump, voltando a votar nele em 2020. Mesmo depois de criticar o que aconteceu na invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, suavizou a retórica e pediu que dessem ao homem “um descanso”.

Também negou a sua intenção de se candidatar à nomeação para as presidenciais de 2024, dizendo que se Trump corresse ao lugar ela não se poria no seu caminho. Isso mudou em fevereiro de 2023, quando fez o anúncio oficial de candidatura.

A última mulher de pé contra Trump

Agora, restam apenas Donald Trump e Nikki Haley, uma mulher 25 anos mais nova que o ex-Presidente, que apela a um eleitorado republicano mais moderado, a independentes e licenciados.

Haley tem sido descrita como pioneira, teimosa, combativa e assertiva, alguém que não desiste do que quer e que nunca perdeu uma eleição.

Foi esse o espírito com que se apresentou aos norte-americanos no discurso depois de na terça-feira perder as primárias de New Hampshire para Donald Trump, que agora tem criticado de forma mais veemente.

“New Hampshire é a primeira [primária] da nação. Não é a última da nação”, disse a candidata aos apoiantes. “Esta corrida está longe de terminada”.

ZAP // Lusa

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