Queda de detrito de foguetão. Há 10% de probabilidade de alguém morrer nos próximos 10 anos

Space X

Protótipo da nave espacial SpaceX SN8 durante um voo de testes anteriores

Quando os foguetões são lançados para o espaço, muitos deixam cair peças que já não são necessárias para a missão. A maioria acaba por regressar à Terra, de forma descontrolada. Mas se no passado o risco associado a esses detritos era insignificante, o mesmo já não se passa hoje em dia.

A verdade é que, até agora, não foram documentadas mortes por detritos de foguetões. Mas os lançamentos estão a aumentar: em 2021, foram lançados com sucesso 135 foguetões, o maior número da história.

Num novo estudo publicado recentemente na Nature Astronomy, os investigadores estimaram que, se as práticas atuais continuarem, há cerca de 10% de probabilidade de uma ou mais mortes ocorrerem na próxima década devido à queda de detritos.

“É um risco estatisticamente baixo, mas não negligenciável, e está a aumentar”, embora seja “totalmente evitável”, explicou ao The Verge Michael Byers, principal autor do estudo e professor na Universidade de British Columbia. “Devemos tomar as medidas disponíveis para eliminar os riscos de acidente? Penso que sim”.

Para chegar a esse resultado, os investigadores examinaram dados sobre os lançamentos efetuados nos últimos 30 anos, constatando que, durante esse período, mais de 1.500 detritos de foguetões saíram deliberadamente da órbita. Destes, mais de 70% de uma forma descontrolada.

Embora seja difícil prever onde caem os detritos dos foguetões – devido à quantidade de variáveis em jogo -, os investigadores descobriram que a população que vive no hemisfério sul enfrenta um risco maior. Os detritos são três vezes mais propensos a cair nas latitudes de Jacarta, Daca e Lagos do que nas latitudes de Nova Iorque, Pequim ou Moscovo, escreveu Jackson Ryan na CNET.

Para além do perigo que representam na Terra, esses detritos deixados em órbita podem colidir com satélites e explodir, devido ao combustível deixado a bordo. Em 2020, os investigadores estimaram que, em mais de 60% dos lançamentos foram deixados peças em órbita.

“A única forma de garantir que o foguetão não vai explodir é desativá-lo”, explicou ao New Scientist Jonathan McDowell, investigador do Harvard–Smithsonian Center for Astrophysics.

Os autores argumentaram ainda que, apesar de a tecnologia existir para criar formas de devolver esses detritos de forma segura à Terra, as empresas estão relutantes em assumir os custos associados. “Este problema tem solução, com vontade política e tecnologia atual”, disse Byers à Vice.

ZAP //

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