Afinal, as princesas da Disney ajudam as crianças a defender mais a igualdade de género

Um novo estudo concluiu que as crianças mais expostas a filmes de princesas da Disney na infância têm visões de género com menos estereótipos e que têm uma maior auto-estima sobre o seu corpo.

Entre donzelas indefesas que têm de ser salvas, a obsessão excessiva com a aparência, a responsabilidade feminina pelas tarefas domésticas, príncipes que beijam princesas a dormir, ou os corpos desproporcionais são muitas ideias presentes nos filmes da Disney foram criticadas por passarem mensagens retrógradas sobre a igualdade de género.

Mas parece que as crianças que são expostas a estes filmes não absorvem as mensagens desta forma — pelo contrário.

De acordo com um novo estudo longitudinal publicado na Child Development, as crianças mais envolvidas na cultura das princesas são defensoras mais aguerridas da igualdade de género, não aderem tanto a normas hiper-masculinizadas e têm uma melhor auto-imagem corporal cinco anos mais tarde.

A equipa de investigadores nota ainda que há poucos estudos que avaliem os impactos a longo prazo da cultura das princesas a longo prazo e que há poucos dados sobre as princesas mais recentes, como Moana ou Merida, que já têm papéis menos estereotipados, e sobre as personagens masculinas, que têm agora mais personalidade e mostram ser afectivas.

A pesquisa foi feita em duas ondas e analisou como o envolvimento de crianças em idade pré-escolar na cultura das princesas impacta a sua auto-estima e atitude sobre o género na infância. Na primeira onda, 307 crianças e os seus pais participaram e a idade média das crianças foi pouco menos de cinco anos.

Os pais reportaram a frequência com que os filhos viam filmes ou séries televisivas de princesas da Disney e com que brincavam com brinquedos destas personagens. As crianças completaram uma tarefa de preferência de brinquedos em que indicaram a vontade com que tinham de brincar com cada um de uma selecção de brinquedos mais estereotipados por género e outros neutros.

Os pais também indicaram como os seus filhos se enquadram nos comportamentos associados ao seu género e a sua auto-estima corporal, escreve o PsyPost. Cinco anos mais tarde, 155 destas crianças participaram na sua onda do estudo, agora em média com 10 anos. Agora, foram as próprias crianças a dizer quão envolvidas estavam na cultura das princesas e as suas visões sobre os papéis de genéro.

As crianças inquiridas também tiveram de responder sobre a visão que tinham da sua aparência física. Concluiu-se que as meninas que foram mais influenciadas pelas crianças na idade pré-escolar eram maiores defensoras da igualdade de género e valorizaram da mesma forma as carreiras, a educação e as relações para rapazes e raparigas.

Tanto os meninos como as meninas mais ligados às princesas também deram menos importância a normas da hiper-masculinidade, como a ideia de que não se deve partilhar as emoções, especialmente se fossem oriundas de um estatuto socioeconómico mais baixo.

A auto-estima corporal destas crianças também era melhor, novamente com o domínio das que pertencem a um estrato socioeconómico menos favorecido.

Os autores consideraram interessante estas diferenças a nível socioeconómico, tendo em conta que muitas personagens da Disney também são pobres ou têm situações sociais precárias, como a Cinderela ou o Flynn Rider, o que pode fazer com que estas crianças se identifiquem mais com elas.

ZAP //

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