Encontrados sinais do primeiro planeta fora da Via Láctea

ESO / L. Calçada

Uma equipa de astrónomos acredita ter encontrado provas da existência de um planeta em Messier 51, o primeiro fora da Via Láctea.

O telescópio Chandra X-Ray, da NASA, descobriu indícios do novo planeta na galáxia Messier 51, também conhecida como “Galáxia Whirlpool”. Está localizado a cerca de 28 milhões de anos luz da Via Láctea e tem o tamanho de Saturno.

O comunicado indica que os resultados são baseados no método de trânsito planetário, ou seja, “eventos em que a passagem de um planeta na frente de uma estrela bloqueia parte da luz desta estrela e produz uma queda característica” no brilho. Essa diminuição pode ser detetada por telescópios, uma técnica já utilizada para encontrar exoplanetas.

Neste estudo, a equipa “procurou por quedas no brilho dos raios-X recebidos de um objeto denominado de binário brilhante de raios-X“.

“Esses objetos luminosos contêm, normalmente, uma estrela de neutrões ou um buraco negro que puxa gás de uma estrela companheira em órbita próxima. O material próximo à estrela de neutrões ou buraco negro torna-se superaquecido e brilha em raios-X”, lê-se no comunicado.

Como a região que produz raios-X é pequena, um planeta que passa na frente dela pode bloquear a maioria dos raios-X. O processo torna o trânsito planetário mais fácil de localizar e os exoplanetas podem ser detetados em distâncias muito maiores.

M51-ULS-1

Segundo o Science Alert, a equipa utilizou observações de três galáxias – a Galáxia Whirlpool (M51), a Pinwheel (M101) e a Sombrero (M104) – realizadas utilizando dois observatórios de raios-X, o Chandra e o XMM-Newton. A partir destas observações, os cientistas extraíram 2.624 curvas de luz binárias de raios-X e procuraram um eclipse.

Dos milhares de sinais, só um era consistente com o que a equipa estava à procura. Era um binário de raios-X ultra-brilhante chamado M51-ULS-1, que consistia num objeto pequeno e ultradenso (não está claro se é um buraco negro ou uma estrela de neutrões) e um companheiro maciço, como uma estrela quente e brilhante do tipo B.

Durante as observações, o brilho da estrela permaneceu mais ou menos constante – exceto durante um período de três horas em que escureceu. Os níveis de brilho antes e depois do mergulho na luz eram os mesmos, o que sugeria que o que causava o escurecimento era algo externo, e não uma interação dentro da relação binária.

O passo seguinte foi determinar qual poderia ser essa influência externa.

A equipa considerou cuidadosamente opções como outras pequenas estrelas e anãs castanhas, prestando particular atenção às nuvens de gás, muito comuns nos binários de raios-X.

Finalmente, os investigadores determinaram que o melhor ajuste para os dados era um exoplaneta do tamanho de Saturno, no sistema binário M51-ULS-1, localizado em M51, que contém um buraco negro ou estrela de neutrões a orbitar uma estrela companheira com uma massa superior à do Sol, em cerca de 20 vezes.

O Observatório de raio-X Chandra alerta, contudo, que são precisos mais estudos para verificar a interpretação desta descoberta como um exoplaneta extragaláctico.

O artigo científico foi publicado, a 25 de outubro, na Nature Astronomy.

ZAP //

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