O Presidente do Chade, no poder há 30 anos, morreu, esta terça-feira, devido a ferimentos sofridos enquanto comandava o exército na luta contra rebeldes no norte do país durante o fim-de-semana.
“O Presidente da República, chefe de Estado, chefe supremo do Exército, Idriss Déby Itno, acaba de dar o seu último suspiro, enquanto defendia a integridade territorial no campo de batalha”, anunciou o porta-voz do Exército, o general Azem Bermandoa Agouna, numa declaração lida na estação pública de televisão chadiana TV Tchad.
“É com profunda amargura que anunciamos ao povo chadiano a morte, esta terça-feira, 20 de abril de 2021, do marechal do Chade”, acrescentou Bermandoa Agouna.
Itno, que estava no poder há 30 anos, tinha sido reeleito para um sexto mandato, com 79,32% dos votos expressos nas eleições Presidenciais do passado dia 11 abril, tinha anunciado o órgão eleitoral do país esta segunda-feira.
O antigo primeiro-ministro de Déby, Albert Pahimi Padacké, ficou em segundo lugar com 10,32% dos votos expressos, enquanto Lydie Beassemda, a primeira mulher a candidatar-se à Presidência do Chade, ficou em terceiro lugar, com 3,16% dos votos.
Mahamat Idriss Déby Itno, comandante da guarda presidencial e filho do Presidente chadiano, vai dirigir um conselho militar que assumirá o poder no país.
“Foi criado um conselho militar chefiado pelo seu filho, o general Mahamat Idriss Déby Itno” (37 anos), anunciou o porta-voz do exército, numa declaração transmitida na rádio estatal.
“O conselho reuniu-se imediatamente e promulgou a Carta de Transição”, acrescentou Bermandoa Agouna.
Ministros e oficiais de alta patente deram conta, na segunda-feira, que o chefe de Estado tinha visitado a linha da frente para se juntar ao seu Exército, que enfrentava uma coluna de rebeldes, que tinham lançado uma ofensiva a partir de bases recuadas na Líbia no dia das eleições.
Os rebeldes, que o Exército começou por dizer na segunda-feira que tinha derrotado nos combates, afirmaram numa declaração que Déby tinha sido ferido, mas a informação não tinha até agora sido confirmada por fontes oficiais.
O Exército chadiano anunciou que tinha provocado mais de 300 baixas entre os rebeldes, que haviam iniciaram há oito dias uma incursão no norte do país, e que tinha perdido cinco soldados em combate no passado sábado.
“Mais de 300 rebeldes foram neutralizados no campo do inimigo” no passado sábado, disse o próprio Bermandoa Agouna, acrescentando que a ofensiva rebelde nas províncias de Tibesti e Kanem tinha “terminado”.
Bermandoa disse ainda, nessas primeiras declarações, que 36 soldados foram feridos nos combates de sábado e que 150 rebeldes tinham sido feitos prisioneiros, “incluindo três líderes”.
O FACT (Front for Change and Concord in Chad), por seu lado, informou numa declaração no domingo que tinha “libertado a região de Kanem”, onde os combates tiveram lugar no sábado.
Os confrontos entre os rebeldes e o exército chadiano no maciço de Tibesti, que faz fronteira com a Líbia, são frequentes.
Em fevereiro de 2019, uma outra incursão com o objetivo de derrubar Idriss Déby Itno foi travada pela intervenção de caças bombardeiros da força aérea francesa, solicitada por N’Djamena.
ZAP // Lusa
… não sei o que está por de trás desta guerra, e acho revoltante que isso não seja noticiado com muito mais relevância ou pelo menos que não haja na generalidade das pessoas qualquer interesse em saber o que se passa lá, mais uma vez porque são africanos e pobres.
Mas há algo nesta notícia que acho ainda mais surpreendente, e que achei que nunca mais visse:
Um presidente a comandar um exército no campo de batalha! Não sei se na linha da frente, a notícia não explicita, mas a última vez que falamos de algo idêntico foi à 500 anos com um tal de D. Sebastião.
Se todos os “manda-chuva” tivessem que levantar o rabinho do cadeirão e ir para a linha da frente, de certeza que haveria menos guerras.