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Português diz estar preso há 37 anos nos EUA injustamente. Teste de ADN pode vir a libertá-lo

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O português Norberto Andrade sempre disse ser inocente do crime de violação pelo qual foi condenado em 1987. Um exame de ADN pode agora ser a chave para a sua libertação.

Norberto Andrade pode ter passado 37 anos preso nos Estados Unidos quando era inocente. O caso remonta a 3 de Agosto de 1985, quando uma mulher de 19 anos denunciou que foi violada e ameaçada com uma faca no seu apartamento.

O português, que na altura tinha 24 anos, já tinha tido contacto com a polícia e era sabido que passava tempo perto do local do crime. O sargento John Seebeck imediatamente suspeitou que Norberto Andrade podeia estar envolvido quando ouviu a descrição da mulher: o violador teria cerca de 1,65 metros, pele morena e um sotaque português, escreve o jornal americano The Providence Journal.

“Nós pensamos que podia ser Norberto porque ele tinha vivido naquele apartamento. Ele usou as escadas de incêndio. Fiz o meu trabalho”, relatou Seebeck, que frisa que a vítima escolheu a foto de Andrade entre o alinhamento de suspeitos. O português acabou por ser condenado a prisão perpétua.

Mas isto já aconteceu há 37 anos. Desde então, as tecnologias usadas nas investigações criminais evoluíram bastante — e um teste de ADN pode agora dar razão a Andrade, agora com 61 anos, que sempre disse que era inocente.

No dia 3 de Janeiro, um teste de ADN feito pelo Departamento de Saúde do estado de Rhode Island concluiu que as provas retiradas de debaixo das unhas da vítima depois do ataque não poderiam ser de Andrade.

A defesa está agora a exigir a libertação imediata de Andrade, mas as autoridades querem analisar as provas com mais detalhe e mais tempo antes de avançarem com uma possível reversão da pena.

A favor de Norberto Andrade está ainda o facto de medir cerca de 1,73 metros e as suas declarações à polícia terem sido feitas sem a presença de um tradutor quando o português tinha um inglês limitado. No entanto, Andrade foi condenado num julgamento que teve lugar em Fevereiro de 1987 e o júri rejeitou o seu testemunho em que alegou estar com a sua namorada na hora em que o crime decorreu.

No Outono, a equipa de defesa de Andrade pediu-lhe amostras de ADN, que comprovaram que não poderia ter sido o português a cometer o crime. “Ele basicamente está preso há 40 anos sem provas e tendo por base uma identificação questionável”, afirma Michael Zarrella, um dos advogados, que realça que a mulher inicialmente disse que não conseguia identificar o violador.

A decisão de libertar Andrade está agora nas mãos do juiz Robert D. Krause, que pode também pedir a repetição do julgamento. Há ainda a possibilidade de o ADN retirado das unhas da vítima pertencer a outra pessoa que não o violador, o que pode invalidar o argumento da defesa.

Caso a condenação seja revertida, Andrade pode tentar reabrir o caso que pretende deportá-lo de volta para Portugal. Por enquanto, o português continua detido numa prisão de alta segurança.

Adriana Peixoto, ZAP //

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