Bimi é um legume criado do cruzamento de brócolos e couves e já conquistou os consumidores, tornando Portugal no terceiro maior produtor europeu.
A produção de bimi multiplicou-se sete vezes nos seus primeiros seis anos em Portugal, o que ilustra o sucesso deste legume híbrido que resulta do cruzamento entre brócolos e couves.
Em 2015, “começou-se com dois mil metros no primeiro ensaio, depois passou-se para dois hectares e a partir daí e até hoje foi sempre a crescer”, diz à agência Lusa Miguel Langan, sócio-gerente da Emergosol, empresa de Torres Vedras que foi pioneira a produzir bimi em Portugal para o mercado inglês.
Hoje são já 10 os produtores e a área de cultivo passou de 10 hectares, em 2015, para os 80 hectares, o que torna Portugal no terceiro maior produtor da Europa, depois do Reino Unido e de Espanha, segundo dados disponibilizados pela Sakata, empresa japonesa de sementes que detém o controlo da cultura até à sua comercialização.
Grande parte da produção nacional está concentrada na região Oeste, onde as temperaturas amenas e frescas são propícias, seguindo-se o Ribatejo e o sudoeste alentejano.
Meio milhão de toneladas de bimi produzidas em território nacional chegam aos mercados, sendo 65% da produção exportada e 35% absorvida pelo mercado nacional, podendo os consumidores encontrar os bimi à venda em qualquer hipermercado.
Nos mercados externos, os bimi portugueses são sobretudo exportados para o Reino Unido, mas também para países como França, Itália, Dinamarca, Alemanha, Polónia ou Finlândia, onde a procura tem aumentado.
“O mercado continua a responder bem e há mercado para mais produção”, refere o responsável da Emergosol, onde os bimi já representam 15% da facturação anual de 15 milhões de euros e se perspetiva triplicar a produção até 2030.
“Queremos que o consumo do bimi continue a subir na ordem dos 10 a 12% ao ano”, aponta à Lusa Jorge Faria, representante da Sakata em Portugal.
Bimi é única cultura em Portugal com mercado regulado
A Sakata controla toda a produção até à sua comercialização, autorizando a entrada de novos produtores, vendendo as plantas para os campos de produção de bimi e desafiando as centrais hortofrutícolas a se associarem na preparação e embalamento do legume a pensar nos consumidores.
É por isso a única cultura em Portugal com mercado regulado.
“Não poderíamos ter uma enorme quantidade de hectares sem ter escoamento para o produto e assim vamos aumentando a produção e a área em função do crescimento do mercado. A principal vantagem é que não há desperdício e o trabalho do agricultor e o produto são valorizados”, explica Jorge Faria.
Podendo ser produzidos durante todo o ano, os bimi concentram 80% dos custos de produção na mão-de-obra que, a par da falta de terrenos, são os principais problemas ao crescimento da cultura.
Quando entram em colheita, os bimi são colhidos três a quadro vezes por semana, sendo necessários 20 trabalhadores por cada hectare.
Os bimi são produzidos ao ar livre e colhidos desde o caule até aos floretes, enquanto as folhas são trituradas e servem de matéria orgânica para os campos.
São comestíveis na sua totalidade e ricos em fibra, potássio, cálcio e fosfato.
Possuem mais zinco, fosfato, antioxidantes e vitamina C do que os espargos, os brócolos, a couve e o espinafre e contêm o dobro de vitamina B6 de ervilhas ou cenouras.
ZAP // Lusa
Uma foto do bimi ficava melhor do que a do “paquistanês” triste e mal pago…