/

Em Portugal, mais de 40% dos casos são “falsas urgências”

Em 2017, as “falsas urgências” representaram 41,1% dos casos alvo de triagem nos hospitais em todo o território nacional.

Dados disponíveis no portal do Serviço Nacional de Saúde permitiram concluir que, em todo o território nacional, as “falsas urgências” representaram 41,1% dos casos alvo de triagem nos hospitais. Além disso, há sete hospitais no país onde mais de 50% das idas às urgências são motivadas por causas não urgentes.

Segundo o Público, mais de 50% das idas às urgências nesses sete hospitais são casos em que os doentes recebem uma pulseira verde (pouco urgente), azul (não urgente) ou branca (atividade programada), as menos graves na escala de Manchester.

Os sete hospitais em causa são o hospital Amadora-Sintra, Loures, Lisboa Norte (Santa Maria e Pulido Valente), Garcia de Orta e Cascais – na Área Metropolitana de Lisboa – e em Póvoa de Varzim/Vila do Conde e Santa Maria Maior – distrito do Porto e Braga, respetivamente.

Pelo contrário, os hospitais que registam menos situações deste género são o Centro Hospitalar do Porto, o da Cova da Beira e o de Coimbra, nos quais as “falsas urgências” não excedem os 30%.

Os dados permitem ainda concluir que na origem destas “falsas urgências” estão a falta de médicos de família e pouca literacia em saúde. As “falsas urgências” têm um impacto negativo e “muito significativo”, já que aumenta a pressão sobre os profissionais de saúde e o tempo de espera dos utentes, aponta o Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos.

Os hospitais têm realizado várias iniciativas para incentivar os utentes a dirigirem-se aos centros de saúde. O Hospital de Loures, por exemplo, tem mantido contacto com os centros da sua área “para potenciar parcerias e proporcionar melhores cuidados aos utentes, quer ao nível da prevenção, quer ao nível do acompanhamento de doenças crónicas”.

Já o Centro Hospitalar de Póvoa de Varzim/Vila do Conde tem tentado reduzir as idas à urgências, tendo atribuído um médico e um enfermeiro de família a todos os utentes residentes nos dois concelhos. Além disso, as consultas não programadas foram reforçadas e os horários de atendimento foram prolongados.

No Hospital de Santa Maria Maior, em Barcelos, está a ser realizado um estudo sobre o grupo de doentes não urgentes que recorre às urgências, de modo a perceber as suas motivações.

Mas é no Garcia de Orta que a situação merece mais atenção, já que se identificou que 87% dos utentes se deslocam à urgência pelos mesmos motivos que vão ao centro de saúde. Assim, foi criado o Grupo de Resolução High Users de modo a reduzir o número de idas evitáveis às urgências, mas também “melhorar a orientação e o encaminhamento dos utilizadores frequentes para os cuidados de saúde e apoio social de que necessitam”.

Ainda assim, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde atenderam em 2017 6.318.257 urgências, um decréscimo de 87 mil em relação a 2016. Este valor representa um decréscimo de 1,4%, o maior em cinco anos.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.