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Portugal está a crescer mais do que os nórdicos (e Trump pode ajudar)

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A economia portuguesa pode ser, afinal, menos vulnerável do que pensamos ao “efeito Trump”. Ao contrário do norte da Europa, Portugal tem um trunfo na manga para combater as tarifas protecionistas dos EUA.

A Alemanha apresentou, pelo segundo ano consecutivo, uma taxa de crescimento com valores negativos e 2024.

“Durante a crise do euro, há 10 anos, tivemos todas as atitudes morais dos meus concidadãos alemães — sobre como os gregos se deviam tornar mais alemães. Agora, é uma bênção não ser alemão, pelo menos no que diz respeito à estrutura da sua economia”, disse o diretor mundial de estudos macroeconómicos do banco holandês ING, Carsten Brzeski, em dezembro do ano passado.

Nos Países Baixos e em França, o crescimento económico também está a diminuir.

O The Guardian explica que o Banco Central Europeu reduziu os custos dos empréstimos em 2024 para 3%, no meio de uma pressão crescente para dar mais apoio às economias em dificuldades do Norte da Europa.

No meio deste cenário, Portugal é um dos países com melhor desempenho, a par da Espanha (uma das maiores economias da União Europeia, foi a que mais cresceu — 4%, face aos 0,8% da média europeia) e da Grécia.

Portugal também se manteve bem acima da média da Europa, tendo crescido aproximadamente 1,7%. Este ano, espera-se que alcance os 2% (mais do dobro das expectativas para a França e Alemanha).

O Público justifica esta boa prestação com o esforço de recuperação da crise de 2008, bem como pelo facto de ser no Sul da Europa, no geral, para onde se canalizam mais fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Portugal tem trunfo contra taxas de Trump

A União Europeia aguarda agora as prometidas taxas alfandegárias sobre a mercadoria europeia prometidas por Trump. Os países que mais exportam para os EUA serão, portanto, os mais diretamente afetados. São eles a Irlanda, o Chipre e o Luxemburgo.

Portugal, está abaixo da média de exportações da UE para o país norte-americano, ainda que este mercado signifique 3,8% do PIB. A Grécia e a Espanha também têm nos EUA um mercado mais residual, com 2,4% e 2,2% do PIB a dever-se a esse comércio, respetivamente.

Na verdade, os países do Sul da Europa deverão ser os menos afetados pelas tarifas. Para além disso, como Donald Trump anunciou uma tarifa de 10% para a importação de produtos chineses, isso pode garantir, como o ZAP já noticiara, uma maior presença dos produtos chineses na Europa, com preços mais reduzidos, o que pode ajudar o nosso mercado.

Mas o verdadeiro trunfo português é algo em que Donald Trump pode interferir pouco: o turismo.

A Turismo de Portugal estimou que, apenas em novembro de 2024, o setor do turismo somou 2,2 milhões de hóspedes, 5 milhões de dormidas e 386 milhões de euros de proveitos totais. Este é um aumento de 16,7% face ao ano anterior.

Para além deste setor, que não pode sofrer as taxas alfandegárias da exportações para o EUA, com pouco peso para Portugal, podemos ainda beneficiar, ao contrário dos nórdicos, com o fortalecimento do dólar esperado para este mandato de Trump.

Como avança a Reuters, o aumento do dólar face ao euro já se fez sentir esta semana. O índice que mede a força da moeda norte-americana subiu quase 4% desde as eleições americanas no início de novembro.

Para os países nórdicos, o aumento do valor do dólar “torna as importações mais complicadas”, explica ao Jornal de Negócios o investigador António Alvarenga.

Mas, no caso português, a valorização do dólar facilita ou pode impulsionar ainda mais setores como o turismo e também pode permitir, facilitar de alguma forma o investimento direto estrangeiro americano, que já é muito substancial na nossa economia”, explica o professor.

Ao Público, o economista David Martínez Turégano confirma: “as várias métricas utilizadas nos artigos mostram efetivamente que Espanha e Portugal estão entre as economias com o menor nível de exposição a uma potencial taxa alfandegária universal imposta pelos EUA, classificando-se abaixo da maioria das economias da Europa Central”.

Mas há, claro, cenários mais negativos. “É incerto como a União Europeia responderia a uma tarifa universal e, portanto, a extensão de uma potencial escalada protecionista global, que poderia ter efeitos macroeconómicos mais severos em todos os países da UE”, diz o economista.

ZAP // /

5 Comments

  1. Portugal pode ser directamente menos vulnerável ao efeito Trump, mas indirectamente pode vir a sofrer muitos, porque se as nossas exportações são maioritáriamente para países europeus como Alemanha e França e estas entrarem em dificuldades com o efeito Trump, Portugal automáticamente vai sofrer quebras nas exportações para esses países…

  2. Já estou a ver os europeus do norte a emigrarem todos para Portugal para fugirem à pobreza e terem uma vida melhor.

    Ele há com cada uma !!!

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  3. Têm a certeza dos números que referem para o Turismo em 2024? 2.2 milhões de hospedes são para o sector de alojamento turístico APENAS NO MÊS DE NOVEMBRO.

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