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Portugal 3-0 Suécia | Três golos sob a batuta de Jota

José Sena Goulão / Lusa

Portugal soma e segue. Os detentores do ceptro derrotaram na noite desta quarta-feira, no Estádio José Alvalade, a Suécia por 3-0 e continuam no lugar cimeiro do Grupo 3 da Liga das Nações, tendo em vista a presença no “play-off”.

Diogo Jota, com um bis e uma assistência para o golo de Bernardo Silva, liderou o sétimo triunfo em 20 partidas neste confronto directo com os suecos. A recepção à França, que bateu o pé à Croácia, agendada para 14 de Novembro no Estádio da Luz, assume contornos de final antecipada.

O jogo explicado em números

  • Do “onze” que iniciou o empate ante a França, Fernando Santos procedeu a duas mudanças: Nélson Semedo (opção) e Cristiano Ronaldo (infectado com o vírus da Covid-19) foram substituídos por João Cancelo e Diogo Jota, respectivamente. Desta forma, o seleccionador replicou a poção adoptada diante da Croácia, com um atacante móvel e dinâmico: João Félix como falso 9, Bernardo Silva e Diogo Jota nos corredores, apoiados por Bruno Fernandes e protegendo as subidas dos dois laterais com Danilo e William.
  • Início de jogo de cortar a respiração. Logo ao primeiro minuto, registo para dois ataques de cada uma das selecções. Primeiro, Danilo esteve intratável e interceptou, já na área lusa, um passe venenoso de Kulusevski. A seguir, William lançou Jota que disparou e falhou o alvo por escassos centímetros. Ao minuto quatro, João Cancelo assistiu em bandeja de ouro William que, ao segundo poste, cabeceou em direcção ao ferro.
  • Já depois de Bruno Fernandes ter ameaçado numa bomba à entrada da área (11′), aos 13 minutos, Lustig, no interior da área nacional, falhou o tento inaugural por muito pouco. A partida continuava animada com cinco remates, três para Portugal e dois para os suecos.
  • Ao quarto remate, e no primeiro enquadrado, os campeões europeus chegaram ao golo. Após uma pressão bem feita, Diogo Jota assistiu Bernardo Silva que, de primeira, atirou para o fundo das redes suecas, marcava o relógio 21 minutos. Nota, ainda, para a acção de Bruno Fernandes no início do lance.
  • Aproveitando alguma passividade portuguesa na recuperação, a Suécia ameaçava quase sempre que se aproximava na baliza de Rui Patrício. A dez minutos do intervalo, Berg, descaído sobre o lado direito, rematou e viu a bola embater com estrondo no poste.  Aos 39, Danilo voltou a levar a melhor no duelo com Kulusevski e “cortou” mais uma investida contrária. Mais dois avisos dos visitantes, que já tinham três remates, sete cruzamentos, 185 passes trocados e 48% da posse de bola.
  • Numa fase em que a “performance” não estava a ser brilhante, longe disso, Portugal ampliou a vantagem. João Cancelo, com uma variação de jogo retirada a régua e esquadro da direita para o flanco oposto, isolou Diogo Jota, que dominou a bola e desferiu a contar assinando o 2-0. Dos seis remates lusos, os dois que levaram a direcção do alvo redundaram em golo.
  • Intervalo Ao descanso, o resultado era melhor do que a exibição dos comandados de Fernando Santos, valendo a qualidade individual que escondia alguma falta de frescura no momento da recuperação e de velocidade para circular a bola por mais tempo e com outra objectividade. Na jogada do primeiro golo, Bruno Fernandes, Diogo Jota e Bernardo brilharam e, a fechar as contas da primeira metade, João Cancelo “inventou” um passe genial que foi finalizado de forma certeira por Diogo Jota. Pelo meio, muitas situações desperdiçadas por ambos os conjuntos. Rápido e acutilante, Diogo Jota foi o jogador em destaque neste período. O avançado do Liverpool espalhou veneno e esteve sempre ligado aos lances mais perigosos de Portugal. Em dois remates, marcou um golo – expected goals (xG) de 0,4 -, fez uma assistência, falhou apenas um passe em 15 feitos, teve cinco acções com a bola na área sueca, ainda conseguiu 50% de eficácia nos quatro dribles realizados e amealhou um GoalPoint Rating de 7.3. Bernardo Silva 6.6 e João Cancelo 6.4 completaram o “top 3” de jogadores com melhor nota.
  • A Suécia voltou a começar melhor e Berg, com um cabeceamento perigoso aos 49 minutos, viu Rui Patrício voar e negar que a vantagem portuguesa fosse reduzida. Após não ter feito nenhuma intervenção no primeiro tempo, o guarda-redes nacional, que nesta quarta-feira chegou às 90 internacionalizações e tornou-se no nono jogador mais jogos ao serviço da turma das “quinas”, voltou a dizer presente e esticou-se, defendendo um tiro rasteiro e forte de Claesson (56′). 
  • Num contra-ataque conduzido por Bruno Fernandes, João Félix fugiu à marcação da dupla de centrais da Suécia, galgou alguns metros, entrou na área, mas pecou na Hora H e rematou por cima da baliza, desperdiçando ocasião soberana para aumentar a vantagem para três golos. No total, Portugal já tinha 11 remates, três enquadrados e dois golos, face aos sete do adversário.
  • Diogo Jota, após um excelente passe de William Carvalho, acelerou, meteu a “sexta velocidade” e, com técnica e sempre com os olhos postos no alvo, retirou uma série de adversários da frente. Culminando uma diagonal da esquerda para a zona central, entrou na área e rematou de forma certeira para o 3-0. Em quatro jogos nesta Liga das Nações, o camisola 21 chegou aos três tentos.
  • Já com várias alterações de parte a parte, Isak, a seis minutos dos 90, cabeceou e Rui Patrício voltou a impedir os intentos dos forasteiros em mais uma excelente intervenção. Das oito tentativas suecas, três foram enquadradas e defendidas pelo guardião.
  • Portugal, numa partida em que não contou com Cristiano Ronaldo, mas que teve um Diogo Jota superlativo, somou o terceiro triunfo em quatro jornadas neste Grupo 3 da Liga das Nações A e partilha a liderança com a França, não obstante estar em vantagem no que concerne ao “goal average” de golos marcados e consentidos.

O melhor em campo GoalPoint

Como definir a exibição de Diogo Jota? O avançado dos “reds” esteve “on fire”, deambulou pela linha de ataque e foi espalhando estragos sempre que tocou na bola, marcou, assistiu e não se assustou perante o desafio de “vestir” a pele de substituto do ausente Cristiano Ronaldo. Rezam os números que, dos cinco remates que gizou, os dois enquadrados resultaram em golo – xG de 1,0 -, averbou uma assistência, dois passes para finalização, três passes valiosos – feitos e concluídos a menos de 25 metros da baliza – e outros tantos cruzamentos. Foi, ainda, quem mais teve acções dentro da área adversária (nove) e quem mais driblou, acertando quatro dos seis tentados. Por isso, o título de MVP e o GoalPoint Rating de 8.5.

Jogadores em foco

  • Bruno Fernandes 7.8 – Foi o dínamo que ligou o meio-campo ao ataque. Nos 84 minutos em que esteve em cena, foi sempre importante na manobra dos campeões europeus, rematou sempre que foi necessário – quatro ao todo e dois enquadrados –, não desperdiçou nenhum dos quatro passes longos tentados, teve quatro recuperações da posse, dois desarmes e cinco alívios.
  • Bernardo Silva 6.9 – Desatou o nó aos 21 minutos, com um remate certeiro, entendeu-se bem com a dupla da frente e foi serpenteando classe. Além do golo, somou mais dois tiros, um passe para finalização e 91% de eficácia no capítulo do passe (21 certos em 23 feitos).
  • Pepe 6.5 – Oito recuperações de bola, quatro intercepções, seis alívios e cinco faltas sofridas. Aos 37 anos, Pepe continua a indiscutível, é a voz de comando e o elemento que serena os ânimos sempre que é necessário. Mais uma grande exibição.
  • William Carvalho 6.4 – Lançou o primeiro raide ofensivo, que Diogo Jota não conseguiu finalizar eficazmente, e voltou a demonstrar que imprime outro andamento à equipa actuando na posição “8”. Do seu registo, destacámos um remate, uma assistência, três passes para finalização, cinco valiosos e três desarmes.
  • João Cancelo 6.3 – De regresso ao “onze”, esteve em foco na defesa – bloqueou dois remates do adversário, fez quatro recuperações – e foi crucial nas acções de ataque com uma assistência para golo, dois passes para finalização, dois dribles certos em quatro tentativas. Pecou apenas nos quatro passes de risco falhados em seis feitos.
  • Rui Patrício 5.8 – Sem defesas na primeira metade, agigantou-se na etapa complementar com três intervenções dignas de registo. Apesar da ascensão de Anthony Lopes, demonstrou mais uma vez que o “onze” nacional terá sempre de contar com ele na baliza. E nos últimos duelos, ajudou os campeões europeus a manter a “folha limpa”.
  • Lindelöf 5.7 – Foi o melhor jogador da Suécia esta quarta-feira, com 97% de eficácia de passe, e oito acções defensivas, com destaque para quatro alívios.

Resumo

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