Já se sabe porque é que vacilamos sob pressão

Brusk Dede / Unsplash

A maioria de nós já passou por momentos em que precisou de dar o seu melhor, mas acabou por não conseguir.

Quer seja falhar uma jogada crucial num jogo ou de ter dificuldade em fazer uma apresentação, o fenómeno de vacilar sob pressão é familiar a muitos. Um novo estudo com macacos pode ajudar a explicar porque é que isto acontece.

Um estudo levado a cabo pelo neurocientista Steven Chase, da Universidade Carnegie Mellon, explorou a forma como o desempenho vacila quando os riscos são elevados. Os resultados foram publicados esta semana na revista Neuron.

Surpreendentemente, o facto de ceder à pressão não é exclusivo dos seres humanos. Os macacos também apresentam um desempenho reduzido quando confrontados com recompensas elevadas, realça a Nature.

Os investigadores conceberam uma experiência em que os macacos tinham de completar uma tarefa que envolvia mover um cursor sobre um alvo para receber uma recompensa. As recompensas variavam em tamanho, com o jackpot a oferecer o maior prémio. As situações de jackpot de alto risco foram concebidas para reproduzir a pressão que os humanos sentem em momentos críticos.

A equipa de cientistas colocou elétrodos no córtex motor dos macacos, a área do cérebro responsável pelo controlo dos movimentos. Assim, descobriram que, quando os macacos estavam à espera de uma recompensa de jackpot, a atividade dos neurónios envolvidos na preparação motora – a forma de o cérebro calcular como executar um movimento – diminuía significativamente.

Esta diminuição da atividade neuronal significava que o cérebro estava mal preparado para a tarefa, o que conduzia a um mau desempenho.

Quando a preparação do cérebro falha, o desempenho é inevitavelmente afetado. Neste caso, a grande antecipação de uma grande recompensa provocou uma quebra na preparação do cérebro, o que resultou em erros.

Não se tem um melhor desempenho à medida que a recompensa aumenta”, observou a neurocientista Bita Moghaddam. Parece haver um limite para o quanto a perspetiva de uma grande recompensa pode melhorar o desempenho e, para além desse ponto, pode mesmo prejudicá-lo.

Os investigadores propõem uma teoria conhecida como a “hipótese do enviesamento neural”. Esta teoria sugere que, à medida que o tamanho da recompensa aumenta, a preparação do cérebro atinge um ponto ótimo. No entanto, se a recompensa for demasiado grande, a preparação diminui, levando a um desempenho mais fraco.

ZAP //

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