Trincar uma coisa fria quando os nossos dentes estão mais sensíveis (ou com algum problema) é quase sempre sinónimo de uma dor aguda e aflitiva. Os cientistas nunca compreenderam totalmente como é que esse sinal de dor é transmitido. Até agora.
De acordo com o site Science Alert, uma equipa de investigadores pensa ter encontrado o principal suspeito: a proteína TRPC5, que é encontrada num tipo de células chamadas odontoblastos (que formam a camada de dentina logo abaixo do esmalte).
Os odontoblastos apoiam a forma do dente e, tal como os cientistas descobriram agora, também atuam como sensores de frio. Estas células conseguem fazê-lo porque a TRPC5 é um canal iónico, ou seja, um portal que permite a sinalização de elementos químicos, como o cálcio, através das membranas celulares sob certas condições. Neste caso, respondem ao frio.
Tendo identificado previamente a TRPC5 como um potencial sensor de temperatura, em experiências com cobaias a equipa descobriu que aqueles que não tinham o gene que codifica a TRPC5 não reagiam desta forma à exposição dos dentes ao frio.
Uma análise detalhada de dentes humanos extraídos revelou os mesmos canais TRPC5 nos odontoblastos, sugerindo que a mesma deteção está a acontecer também nos seus dentes.
Segundo o mesmo site, a TRPC5 também é encontrada noutras partes do corpo e, anteriormente, já tinha sido demonstrado que sente o frio e desencadeia certas ações biológicas.
Além disso, a nova pesquisa, publicada a 26 de março na revista científica Science Advances, também ajuda a explicar porque é que o óleo de cravinho é usado há tanto tempo para aliviar dores de dentes: o eugenol, o seu agente ativo, bloqueia a TRPC5.