Muitas pessoas têm o sonho de passear no mar com os golfinhos à frente do barco, mas o que é que inspira este comportamento nestes cetáceos?
Segundo a Enciclopédia de Mamíferos Marinhos, os golfinhos têm andado de proa desde que existem barcos velozes nos oceanos — até os gregos escreveram sobre a prática de andar de proa os mares do Mediterrâneo.
De acordo com o IFL Science, nos dias de hoje, os golfinhos aproveitam a onda de pressão causada pelo barco na parte da frente da embarcação.
Os golfinhos roazes — Tursipos truncatus —, em particular, são famosos por surfarem estas ondas de proa e são talvez a espécie mais comum quando se trata de atividades turísticas de observação de golfinhos e passeios de barco.
Um estudo de 2009 investigou esta espécie e os seus encontros com várias embarcações. Os autores descobriram que, entre 2003 e 2006, foram encontrados 201 grupos de golfinhos, embora apenas 44 tenham mostrado comportamentos interativos com os barcos.
Os investigadores sugerem que a navegação à proa pode ser utilizada para reduzir o custo energético da natação dos golfinhos, embora duvidem que tenha apenas esse objetivo e que, muito provavelmente, tenha um elemento lúdico.
O estudo sugere ainda que fatores como o tipo de embarcação, a atividade da embarcação e o estado do motor são suscetíveis de influenciar o nível de atividade e interação dos golfinhos com as embarcações.
Noutro estudo, os investigadores concluíram que a região do mar pode ser importante, sendo mais provável que os golfinhos do Estreito de Istambul se curvem na entrada sul do estreito.
Os autores sugerem que os golfinhos o faziam porque a zona era mais propícia à pesca, associando os avistamentos de proas a atividades de alimentação e a estratégicas de procura de alimentos, embora também sugiram um elemento de brincadeira.
Os golfinhos têm sido observados não só a surfar na proa das ondas causadas por barcos, mas também a surfar na proa dos tubarões-frade — Cetorhinus maximus.
Entre 2012 e 2019, os golfinhos foram vistos a interagir com tubarões-frade em seis ocasiões ao largo da costa sudoeste da Irlanda e a equipa registou 94 passeios de proa.
Embora houvesse alguma sugestão de que os golfinhos poderia estar a usar isto como uma espécie de estratégia de alimentação mutuamente benéfica, a razão mais provável, sugerem os autores, é os golfinhos estarem a brincar.
Toda esta investigação indica várias razões pelas quais os golfinhos podem andar de proa, nomeadamente que pode proporcionar uma vantagem energética a um golfinho nadador, pode ajudá-los a ter acesso a zonas de alimentação preferidas, ou proporcionar-lhes mais oportunidades de caçar presas,
Mas o elemento lúdico é sempre importante. Os golfinhos são animais altamente inteligentes, sociais e curiosos, pelo que é bem possível que estejam a navegar nas ondas da proa apenas por diversão.
