Foi a Espanha a invadir o México, e não o contrário. A resposta centra-se principalmente em colheitas e vacas.
A civilização asteca é das mais conhecidas da História. Esteve no México sensivelmente entre os anos 1.300 e 1.500.
Havia alianças, confederações, império. Havia um Império Asteca – que no entanto nunca chegou à Europa. Nem tentaram, pelo que se sabe.
O portal Big Think centra-se nestas questões: porque é que foram os espanhóis que invadiram o México e não o contrário? Porque é que os astecas não desembarcaram em Londres ou os maias em Madrid?
A resposta centra-se principalmente em colheitas e vacas.
Colheitas fundadoras
Ao longo de séculos, não conseguíamos (nós, humanos) passar de um continente para o outro.
Por isso, havia dois grandes grupos na população humana: o povo “Ameríndio” das Américas e o povo eurasiático da Europa e da Ásia.
Uma grande diferença entre os dois grupos eram os recursos e as práticas agrícolas.
Nativas do Crescente Fértil da Eurásia estão oito “culturas fundadoras”, compostas por cereais como cevada, leguminosas como o grão-de-bico e o linho. Todas estas culturas são facilmente plantadas, crescidas e digeridas.
Estas culturas ainda hoje fornecem a maioria das calorias consumidas em todo o mundo.
Dois deles (o linho e a cevada) podem ser encontrados fora do Crescente Fértil, mas os outros foram rapidamente exportados e cultivados onde se podia cultivar, por toda a massa continental eurasiática.
Embora as Américas tivessem uma abundância de culturas de alto rendimento (ou seja, ricas em proteínas e calorias), muitas vezes precisavam de um ambiente muito específico e davam muito mais trabalho do que as gramíneas eurasiáticas.
Mais importante ainda: tomates, abóboras, batatas e pimentos não podem ser armazenados tão facilmente como os grãos secos.
O único grão disponível nas Américas era o milho – que é menos rico em nutrientes do que as oito “culturas fundadoras” e que precisa de uma etapa de processamento adicional.
Na Eurásia, era muito mais fácil para as pessoas alcançarem um excedente de calorias. Isto permitiu a profissionalização.
Agora que só algumas pessoas estavam a cultivar, todos os outros euro-asiáticos podiam fazer outras coisas: ciência, engenharia, matemática, literatura e filosofia.
Assim, ao longo dos milénios seguintes, as sociedades eurasiáticas tinham por exemplo armas e as sociedades mesoamericanas não.
A vacina animal
Mas houve uma arma mais mortífera que os europeus trouxeram para o “Novo Mundo”: a varíola.
Calcula-se que quase 20 milhões de pessoas indígenas – 95% dos povos indígenas da época – morreram do vírus da varíola. Populações inteiras de indígenas terão sido foram dizimadas.
Mas o povo da Eurásia desenvolveu uma imunidade genética à varíola, ao longo de milénios.
Havia apenas 14 grandes animais herbívoros facilmente domesticados no mundo. E apenas cinco espécies se difundiram e tornaram importantes em todo o mundo: vaca, ovelha, cabra, porco e cavalo.
Nenhum destes animais era nativo das Américas.
A Eurásia tinha essa enorme vantagem: tinha todas as espécies animais domesticadas. Porque assim tinham carne, laticínios, fertilizantes, transporte terrestre, couro, veículos militares de assalto, tração de arado e lã – e germes que matavam pessoas não expostas anteriormente.
Viver perto de animais é sinónimo de apanhar todo o tipo de insectos. E é sinónimo de imunidade.
Era uma “vacina” que havia na Eurásia e não entre os Astecas.