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Porcos conseguem usar joysticks para jogar computador, dizem cientistas

Um novo estudo, publicado na revista Frontiers in Psychology, revela que os porcos são capazes de usar um joystick para mover o cursor num monitor.

Os porcos são considerados, há muito tempo, mais inteligentes do que os “animais comuns”. Agora, duas investigadoras dos Estados Unidos alegam ter ensinado estes animais a usar um joystick, sugerindo que são ainda mais inteligentes do que se pensava.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, estudos anteriores já indicavam que os porcos conseguem executar várias tarefas, incluindo resolver quebra-cabeças e aprender comandos como “sentar”.

O novo artigo, publicado ontem na revista científica Frontiers in Psychology, revela que as cientistas conseguiram treinar, com sucesso, quatro porcos para usar um joystick e, assim, controlar um cursor num monitor.

“Podem existir, potencialmente, mais coisas que os porcos são capazes de aprender, entender e às quais reagir, do que pensávamos anteriormente”, disse Candace Croney, professora da Purdue University, nos Estados Unidos, e coautora do estudo.

Croney e Sarah Boysen relatam, no artigo, a forma como usaram guloseimas para treinar os porcos e fazê-los mover os joysticks com o focinho, enquanto olhavam para o monitor de um computador.

As investigadoras mostraram, então, um videojogo ao quarteto, no qual os animais tinham que usar o joystick para moverem o cursor e fazer com que este colidisse com uma estrutura semelhante a uma parede. Após a colisão, o jogo fazia um som e o porco recebia uma guloseima.

Quanto mais bem sucedido fosse o porco, menor era o número de paredes mostradas no jogo.

A equipa analisou, então, as últimas 50 tentativas de cada porco nos diferentes cenáriostrês, duas ou apenas uma parede – e determinou com que frequência cada porco conseguiu atingir uma parede-alvo com o primeiro movimento do curso. Ou seja, à primeira tentativa.

Os resultados revelaram que Hamlet e Omelette, dois porcos Yorkshire machos com três meses de idade, foram capazes de completar a tarefa melhor do que a probabilidade de o fazerem por acaso quando o jogo mostrava uma ou duas paredes, mas não quando se “viam” perante três.

“Após 12 semanas de treino, Hamlet e Omelette deixaram de fazer parte da experiência porque já tinham crescido demasiado para ficarem em pé o tempo suficiente para completar as sessões”, escreveu a equipa.

Os outros dois porcos, Ebony e Ivory, micro porcos Panepinto machos, foram submetidos a 15 meses de treino e de testes. Estes dois animais, de dois anos de idade, foram bem sucedidos quando o jogo lhes mostrava uma ou três paredes, mas apenas Ivory se saiu melhor do que a probabilidade do acaso no cenário das duas paredes.

“O facto de os porcos terem alcançado o nível de sucesso que alcançaram numa tarefa que estava significativamente fora do seu quadro de referência é, por si só, notável e indicativo da sua flexibilidade comportamental e cognitiva”, dizem as investigadoras, acrescentando que o incentivo do treinador pareceu tão importante quanto as guloseimas, para estimular os animais.

No entanto, nenhum dos porcos foi tão bem-sucedido no jogo como os macacos rhesus, primatas da família Cercopithecidae que habitam as florestas da Índia, China e Afeganistão.

Embora o sucesso possa depender de diferenças na capacidade de compreender o conceito do jogo, outros fatores podem contribuir, incluindo o facto de os porcos terem destreza física limitada e precisarem de mover o focinho para jogar, olhando para baixo e para cima, para mover o joystick com o focinho e voltar a olhar para o monitor.

A equipa sugere, então, que touch screens, ao invés de joysticks, possam ser alternativas valiosas para investigar com maior detalhe as capacidades cognitivas suínas.

Emily Bethell, professora sénior de cognição social, comportamento e bem-estar de primatas na Liverpool John Moores University, que não esteve envolvida no estudo, concordou que é necessário adaptar configurações experimentais aos animais, mas disse que o estudo mostra o que muitos especialistas já sabem: “Os porcos são espertos.”

ZAP //

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