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Encontradas nas florestas do Sri Lanka as mais antigas pontas de flecha não africanas

Uma equipa internacional de investigadores descobriu evidências do uso de arco e flecha na ilha do Sri Lanka, no oceano Índico. Este uso é o mais antigo documentado fora de África.

As ferramentas encontradas no Sri Lanka têm cerca de 48 mil anos, sendo mais antigas do que qualquer outra tecnologia semelhante encontrada na Europa.

Os cientistas realizaram a primeira análise microscópica detalhada de alta potência dos materiais encontrados na caverna Fa-Hien Lena, nas profundezas das florestas tropicais das zonas húmidas da ilha no Oceano Índico, e descobriram que são mais antigos do que os encontrados no sudeste da Ásia que datam de há 32 mil anos.

As pontas de flecha preservadas terão sido usadas para caçar presas difíceis de capturar na selva. Outras ferramentas ósseas encontradas no local podem ter sido usadas para fazer redes ou roupas no ambiente tropical. A última suposição altera drasticamente as teorias tradicionais sobre a relação de certas inovações humanas com requisitos ambientais específicos.

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O novo estudo demonstra que os arqueólogos já não podem vincular determinados desenvolvimentos tecnológicos, simbólicos ou culturais humanos do Pleistoceno a uma única região ou ambiente, como ocorreu com as descobertas das tecnologias de arco e flecha em África, que emolduravam a savana e os ambientes marinhos como principais impulsionadores da caça e dos experimentos culturais da época.

O co-autor do estudo Patrick Roberts, do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, na Alemanha, observou que “esta abordagem tradicional significa que outras partes da África, Ásia, Australásia e Américas são frequentemente negligenciadas em debates sobre as origens da cultura material, como novos métodos de caça a projéteis ou inovações culturais associadas à nossa espécie”.

“As evidências do Sri Lanka mostram que a invenção de arcos e flechas, roupas e sinalização simbólica ocorreu em várias ocasiões e em vários locais diferentes, inclusive dentro das florestas tropicais da Ásia”, afirmou Michael Petraglia, do Instituto Max Planck.

O zooarqueólogo Noel Amano, que também esteve envolvido no estudo, disse que as roupas poderiam ter ajudado a proteger contra mosquitos tropicais, enquanto arcos e flechas ajudavam os humanos a obter “pequenos primatas e roedores que vivem nas árvores.

A análise microscópica de outras ferramentas ósseas revelou a elaboração de contas coloridas a partir do ocre mineral e de conchas comercializadas no litoral, que parecem ter sido associadas à pesca de água doce em riachos tropicais e à criação de redes ou roupas, e revelam a existência de uma interação social humana complexa e precoce nos trópicos do sul da Ásia.

A principal autora do estudo, Michelle Langley, da Griffith University, na Austrália, observou que são semelhantes em idade a “outros materiais de ‘sinalização social’ encontrados na Eurásia e no Sudeste Asiático, há aproximadamente 45 mil anos”.

ZAP //

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