Políticos proibidos de mentir. Lei inédita no mundo

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number10gov / Flickr

O ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi acusado de mentir várias vezes em pleno Parlamento

Pela primeira vez, vai ser ilegal mentir na política. A lei é “pioneira a nível mundial”, segundo o País de Gales, que quer dar início a um movimento global.

Tornar ilegal a mentira na política.

É esse o objetivo de uma lei “pioneira a nível mundial” que deverá ser incluída na legislação do País de Gales antes das eleições parlamentares de 2026.

A proposta do Governo, liderado pelos trabalhistas, prevê a desqualificação de quaisquer deputados e/ou candidatos considerados culpados de engano deliberado por um processo judicial.

“O que foi anunciado é verdadeiramente histórico e pioneiro a nível mundial. O nosso governo comprometeu-se a que a nossa democracia seja a primeira no mundo a introduzir uma proibição geral da mentira por parte dos políticos”, disse um dos líderes da proposta, Adam Price.

“Estamos no início de um movimento global. Vamos proibir a mentira política“, exclamou.

“O Governo galês vai apresentar a legislação antes de 2026 para a desqualificação dos membros e candidatos considerados culpados de fraude deliberada através de um processo judicial independente”, garantiu o conselheiro-geral do governo, Mick Antoniw, citado pelo The Telegraph esta quarta-feira, apelando também à cooperação entre os vários partidos para fazer acontecer história na política galesa.

Perante a queda de confiança nos políticos, o principal objetivo da medida é combater a “ameaça existencial” que a mentira na política representa para a democracia, que “começa a desmoronar-se se os eleitores não forem capazes de confiar no que dizem os eleitos”, disse no Senedd (Parlamento galês) um dos deputados, num debate descrito como dramático — nomeadamente porque levantou o véu a uma série de mentiras políticas.

Um dos exemplos do partido trabalhista foi um tweet “mentiroso” do líder dos conservadores galeses.

Na publicação do X — entretanto identificada pela rede social como enganadora — Andrew Davies afirmou, na terça-feira, que os trabalhistas querem pagar aos imigrantes ilegais 1600 libras por mês. Uma “mentira direta”, disse o trabalhista Alun Davies.

“Isto leva a nossa política para o abismo e impede-nos de nos envolvermos uns com os outros num debate político contínuo”, defendeu.

Até o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson veio à baila no Parlamento.

“Boris Johnson mentiu para chegar a Downing Street e voltou a mentir para sair. A política neste país tornou-se mais sombria. O público precisa de saber que pode confiar no que está a ser dito. A mentira não pode tornar-se a norma”, disse o trabalhista Lee Waters.

“A confiança do público nos políticos é a mais baixa de sempre. Esta medida é o início de um reinício político. Os eleitores querem honestidade e isto significa que o País de Gales se tornará o primeiro país a insistir em que os políticos e os candidatos sejam obrigados por lei a dizer a verdade”, disse a codiretora do grupo Compassion in Politics Jennifer Nadel, citada pelo The Guardian.

“A mentira na política foi normalizada durante demasiado tempo. Os eleitores esperam e merecem mais e agora vão tê-lo”, rematou.

Tomás Guimarães, ZAP //

2 Comments

  1. Só peca por tardia. Mas quem os vai julgar se forem considerados mentirosos? É que a imunidade parlamentar é outra falácia

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