Polícias adulteram cena do crime depois de executarem adolescente

Cinco polícias brasileiros foram apanhados a adulterar uma cena do crime depois de terem morto a tiros um jovem desarmado, no Rio de Janeiro. As imagens estão a gerar uma onda de revolta no país.

O jovem Eduardo Santos Victor, de 17 anos, rendeu-se com as mãos ao alto mas ainda assim foi executado por agentes da Polícia Militar no Morro da Providência, Zona Portuária do Rio de Janeiro.

O incidente teria sido reportado como um auto de resistência – quando acontece uma morte na sequência de confrontos com a polícia -, não fosse os moradores da favela terem filmado os agentes a alterar a cena do crime, simulando um tiroteio.

No vídeo, um dos polícias põe uma arma ao lado do jovem e dá um tiro para o ar, enquanto outro coloca a arma na mão do rapaz e dispara duas vezes.

O moradores que gravaram o vídeo afirmam ter ouvido o jovem a gritar de dor. “Ele gritou ‘ai ai ai”, diz uma testemunha. Eduardo Santos Victor acabou por morrer, envolto numa poça de sangue, não resistindo aos ferimentos.

Uma testemunha do crime descreveu, em entrevista à Globo, que acordou com os tiros. “Muito tiro. Fui, olhei da janela. De repente eu deparei com o menino. Ele estava armado, mas ele se rendeu”, contou, garantindo que o jovem não atirou e apontando o envolvimento com tráfico de drogas.

“Ele se rendeu. Podia levar preso. Eles podiam levar presos sim. Era dever deles levar preso, não matar”, repetiu a testemunha, ressaltando que os polícias atiraram a queima-roupa. “Ele gritou ‘ai ai’ e caiu no chão de bruços. Depois que ele levantou as mãos ele tomou o tiro”, disse.

Outra testemunha descreveu que, após a morte, os polícias ainda insultaram os moradores que se aproximaram. “Chamou o morador de lixo. Quem mora no morro é lixo”, afirmaram.

Os cinco agentes foram detidos depois da divulgação das imagens, autuados por fraude processual e homicídio, mas defendem-se afirmando que encontraram um rádio transmissor, uma pistola 9 mm e munições com o jovem.

Os familiares afirmam apenas que têm certeza que o adolescente foi confundido com um traficante, mas não prestaram mais declarações.

ZAP

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