A polícia da cidade de São Francisco, no estado norte-americano da Califórnia, nos Estados Unidos (EUA), vai passar a poder utilizar robôs controlados à distância capazes de aplicar força letal em situações de emergência. Essa força possui 12 robôs, utilizados maioritariamente para desarmar explosivos.
A proposta, feita pelo departamento da polícia, foi votada pelo Conselho de Supervisores, órgão do governo da cidade de São Francisco, com a aprovação da medida com oito votos a favor e três contra, noticiou o San Francisco Chronicle.
Segundo a publicação, a utilização de robôs será feita somente em casos muito raros, como para travar suspeitos violentos em situações de tiroteios ou bombistas suicidas. A medida obriga a que o seu uso seja aprovado por um dos dois chefes da polícia.
De acordo com o porta-voz da força policial da cidade, Robert Rueca, a polícia não pretende colocar armas nos robôs, mas abre a possibilidade de armá-los com explosivos para “abrir estruturas onde estão suspeitos violentos ou para incapacitar suspeitos violentos que coloquem em risco a vida das forças policiais”.
Os três supervisores que votaram contra demonstraram preocupações. “Esta é uma força policial local que está aqui para nos proteger. Não é o exército dos EUA que nós estamos a armar”, afirmou na reunião o supervisor Dean Preston.
“Há potencial sério para haver um mau uso e um abuso desta tecnologia militar, sem demonstrar haver necessidade” e “este tipo de ferramentas aumenta as desigualdades na aplicação da força letal nas comunidades”, como é o caso das comunidades negra e latina com salários baixos, continuou.
“Isto abre uma Caixa de Pandora que pode mudar, de forma significativa, a nossa sociedade”, disse a supervisora Hillary Ronen, que acrescentou que estava “surpreendida” por isto estar a ser discutido em 2022, por haver já “uma história” destas medidas “causarem tragédia e destruição em todo o mundo”.
O chefe adjunto da polícia, David Lazar, defendeu que esta será “uma ferramenta extra” para salvar vidas.
Rafael Mandelmen, um supervisor que votou a favor, saudou a medida que considera estabelecer “restrições razoáveis” ao uso de robôs pela polícia.
O gabinete de advogados públicos de defesa de São Francisco e a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), uma ONG dedicada à defesa dos direitos e liberdades, pediram para que o Conselho rejeitasse a medida.