A decisão do Twitter de sinalizar um tweet de um membro importante do partido no poder como “media manipulada” pode dificultar ainda mais as coisas para a gigante tecnológica neste país.
Segundo conta a cadeia televisiva CNN, a polícia visitou os escritórios do Twitter em Nova Deli e na cidade vizinha de Gurugram, na noite desta segunda-feira, para ordenar que a rede social coopere com uma investigação sobre um tweet publicado por um membro do Partido do Povo Indiano (BJP).
O tweet em questão foi publicado, a 18 de maio, pelo porta-voz do partido, Sambit Patra, na qual se via a fotografia de um documento que, segundo o mesmo, teria sido criado pelo principal partido da oposição, o Congresso Nacional Indiano.
No alegado documento constava uma lista de dicas sobre como descredibilizar o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e a forma como o seu Governo tem lidado com a pandemia da covid-19.
Patra escreveu que se tratava de um “exercício de relações públicas” do partido da oposição, que contou com a ajuda de “jornalistas amigos” e “influencers”. O Congresso Nacional Indiano, por sua vez, respondeu que os líderes do BJP estavam a espalhar “documentos falsos” e apresentaram queixa à polícia local e ao Twitter.
Na sexta-feira, a rede social sinalizou o tweet em causa como “media manipulada”, situação que acontece quando considera que uma publicação “inclui media (vídeos, áudio e imagens) que foi falsamente alterada ou fabricada”.
A polícia de Nova Deli avisou o principal responsável do Twitter Índia, Manish Maheshwari, no mesmo dia, que estava a ser conduzida uma “investigação preliminar” sobre o alegado documento. Esta segunda-feira, em comunicado, a gigante tecnológica confirmou a visita das autoridades e explicou que se trata de “um processo de rotina”.
Tal como recorda a estação norte-americana, o Governo indiano e a rede social, que terá cerca de 17,5 milhões de utilizadores neste país, têm entrado em confronto neste último ano por vários motivos, o que levantou questões sobre repressão e censura.
Em fevereiro, o Executivo ordenou ao Twitter que fechasse várias contas, durante os protestos dos agricultores contra a nova legislação para o setor. A rede social cumpriu parte do que lhe foi pedido, mas recusou agir contra jornalistas, ativistas e outros políticos.
Mais tarde, em abril, a plataforma voltou a remover vários tweets sobre a covid-19, a pedido do Governo, incluindo alguns que criticavam a forma como Modi lidou com a segunda vaga da pandemia.
As redes sociais presentes no país têm até ao final deste mês para cumprir com novas regras, entre as quais se veem obrigadas a ter três novos cargos: um “diretor de conformidade”, que garantirá que as plataformas seguem as leis locais; um “diretor de reclamações”, que tratará das reclamações dos utilizadores indianos e, por fim, uma pessoa que terá de estar sempre disponível para as autoridades indianas, 24 horas por dia.