Poderá a Terra estar dentro de um buraco negro?

ZAP // NASA

Poderia a Terra — e já agora, todo o nosso universo — estar localizada no interior de um buraco negro de um universo pai maior?

Esta hipótese desconcertante, conhecida como cosmologia de Schwarzschild, foi recentemente abordada por Gaurav Khanna, físico da Universidade de Rhode Island especialista em buracos negros, e Scott Field, professor associado de matemática da UMass Dartmouth, no Massachusetts.

Os buracos negros, regiões cósmicas onde a atração da gravidade é tão extrema que nem mesmo a luz consegue escapar, teoricamente poderiam ter consumido a Terra há milhares de milhões de anos.

No entanto, tal evento teria resultado numa força gravitacional catastrófica que esticaria a matéria em formas semelhantes a esparguete antes de a incinerar numa singularidade densa e quente — a chamada esparguetificação.

Mas, dado o estado intacto em atualmente que a Terra (ainda) se encontra, podemos excluir essa possibilidade, explica Khanna ao LIveScience.

A segunda hipótese, e mais provável, é que a Terra possa ter-se formado dentro de um buraco negro.

Segundo Khanna, um buraco negro pode ser visto grosseiramente  como uma reversão do Big Bang. Algumas teorias sugerem que o Big Bang foi inicialmente uma singularidade dentro de um buraco negro de um universo pai maior.

Esta singularidade ter-se-ia comprimido até um ponto de rutura, causando uma monumental explosão cósmica que teria dado origem ao nosso universo — no interior do buraco negro pai.

Este cenário sugere que o nosso universo poderia estar a expandir-se dentro de um buraco negro aninhado dentro de um universo pai, criando uma realidade em múltiplas camadas — algo semelhante às Matrioskas, as famosas bonecas russas dentro de bonecas russas (dentro de outras bonecas russas).

Embora esta ideia seja cativante, verificar tal teoria parece praticamente impossível, dada a natureza unidirecional dos horizontes de eventos dos buracos negros.

No entanto, se estivéssemos dentro de um buraco negro, Field estima que teria de ser enorme, talvez do tamanho do universo em si, uma vez que buracos negros menores exibiriam assinaturas notáveis, como distorções devido à gravidade extrema, incluindo a desaceleração do tempo e a expansão da matéria.

Embora esta teoria possa fazer-nos refletir sobre as nossas origens cósmicas e a natureza do nosso universo, Khanna considera que, nesse caso, não teríamos qualquer consciência de qualquer universo pai fora do nosso universo de buraco negro — tornando a busca pelo nosso predecessor universal incrivelmente desafiante.

Eis seguramente matéria para reflexão de uma pequena parte dos nossos leitores — já que a maioria de nós ficamos com o cérebro esparguetificado ao terceiro parágrafo.

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