Plutão e Caronte uniram-se com um beijo (e uma captura)

NASA / Wikimedia Commons

Plutão e a sua lua, Caronte

Um novo estudo sugere que o planeta anão e a sua lua começaram a sua dança orbital com o mecanismo “beijar e capturar”.

Há milhares de milhões de anos, antes de se separarem numa dança orbital estável e de longa duração, Plutão e a sua lua, Caronte, juntaram-se numa colisão que o fez estarem unidos, até se separarem numa dança orbital.

Um novo estudo publicado na Nature esta segunda feira assim o sugere, indo contra a teoria até agora estabelecida de que esta dupla se formara através de um impacto gigante, à semelhança do que se supõe ter acontecido entre a Lua e a Terra.

“A maioria dos cenários de colisão planetária são classificados como ‘bater e correr’ ou ‘roçar e fundir'”, diz a cientista planetária da Universidade do Arizona, Adeene Denton, à Science Alert.

“O que descobrimos é algo completamente diferente – um cenário de ‘beijar e capturar’ em que os corpos colidem, ficam juntos por pouco tempo e depois separam-se, mantendo-se gravitacionalmente ligados”, clarifica a investigadora.

Os modelos utilizados para compreender o impacto gigante que formou a Lua da Terra funcionam muito bem para corpos dentro da linha de gelo do Sistema Solar. Mas a situação complica-se ao analisar Plutão e Caronte.

Os seus diâmetros são de 2.376 quilómetros (1.476 milhas) e 1.214 quilómetros, respetivamente, e estão separados por uma distância de cerca de 19.500 quilómetros, com uma órbita circular em torno de um centro de gravidade mútuo.

Os dois astros são também muito mais pequenos e muito mais frios, feitos de rocha e gelo. E é por isso que não podia ter existido uma colisão igual à da Terra e da Lua, argumentam os investigadores.

Tal provocaria uma grande colisão que lançaria uma enorme quantidade de detritos para o espaço. Mas não — ficaram os dois intactos.

Em vez disso, as simulações da equipa mostram que Plutão e Caronte terão ficado juntos durante algum tempo como o que é conhecido como um binário de contacto. Ambos os objetos teriam permanecido relativamente intactos, com as suas composições inalteradas. Com o tempo, os dois corpos ter-se-ão até atingirem a sua distância orbital, forma e eixo atuais.

“O mais interessante deste estudo é que os parâmetros do modelo que funcionam para capturar Caronte acabam por a colocar na órbita correta. Duas coisas estão certas pelo preço de uma”, diz Erik Asphaug, cientista da Universidade do Arizona.

Agora, os investigadores querem ir mais longe, e usar as descobertas para o estudo da astrogeologia, percebendo melhor a evolução geológica do planeta anão.

“Estamos particularmente interessados em compreender como esta configuração inicial afeta a evolução geológica de Plutão“, acrescenta Denton. “O calor do impacto e as forças de maré subsequentes podem ter desempenhado um papel crucial na formação das caraterísticas que vemos atualmente na superfície de Plutão.”

ZAP //

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