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Os planos para reformular a Liga dos Campeões são “perigosos”

European Leagues / Twitter

Lars-Christer Olsson

Os planos feitos pelos principais clubes para reformular a Liga dos Campeões após 2024 criariam uma “super liga” motivada pela ganância que “a UEFA deveria rejeitar firmemente”, afirmou o presidente da European Leagues (EL), Lars-Christer Olsson.

Lars-Christer Olsson disse ao The Guardian que a UEFA deveria tentar melhorar o “equilíbrio competitivo” para que o sucesso não seja tão concentrado nos clubes ricos. Para colmatar esta falha, o presidente da European Leagues (EL) pediu que 20% da receita da Liga dos Campeões fosse redistribuída fora dos clubes participantes e que as ligas europeias dividissem o dinheiro de forma mais igualitária.

O responsável descreveu as propostas apresentadas pela UEFA e pela European Club Association (ECA) no mês passado como uma “liga fechada”, destinada a dar aos 24 melhores clubes a participação permanente na Liga dos Campeões.

Há um ano, o presidente da ECA e da Juventus, Andrea Agnelli, deu a entender que o projeto das entidades europeias seria disputar, a partir da temporada 2024, a fase de grupos da Liga dos Campeões com quatro grupos de oito equipas, em vez do atual modelo de oito grupos de quatro equipas.

Este modelo garantiria mais jogos aos clubes e, consequentemente, mais receita. No entanto, também obrigaria a uma reformulação no calendário. Um cenário em cima da mesa é a disputa dos jogos da Liga dos Campeões nos fins de semana, algo que a Associação de Ligas Europeias de Futebol Profissional (EPFL) é veementemente contra.

Publicamente, a UEFA não confirmou até que ponto os planos foram desenvolvidos, além de uma “sessão informal de brainstorming” com a diretoria da ECA, em março. Ainda assim, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, disse querer “encontrar um caminho que atenda às necessidade do jogo em toda a Europa, e não apenas nos grandes mercados.

Contudo, Olsson afirmou que as Ligas Europeias revelaram planos detalhados da UEFA no mês passado, apoiados pela ECA, para 24 clubes manterem a participação na Liga dos Campeões a cada temporada e para a fase de grupos ser reformulada tal como propôs Agnelli.

Para a primeira temporada (2024-25), foram propostos 28 clubes para serem incluídos com base na classificação obtida nas suas ligas nacionais durante as quatro temporadas anteriores. Apenas quatro clubes – provavelmente campeões de ligas intermediárias – chegariam à Liga dos Campeões nas eliminatórias.

O modelo de promoção da ECA foi incorporado numa estrutura divisional com a Liga Europa, que teria uma divisão superior de 32 clubes e uma segunda divisão de 64. Quatro clubes seriam promovidos da segunda divisão e quatro da primeira divisão para a Liga dos Campeões. Por sua vez, oito clubes desceriam da Liga dos Campeões para a Liga Europa no final da temporada, apesar de puderem ainda redimir-se através do processo de classificação.

“Esta não é uma proposta nova – é muito parecida com as propostas feitas pelos antigos clubes do G14 há 20 anos, para uma superliga dissidente”, disse Olsson. “Mas este modelo é ainda mais perigoso porque é proposto sob os auspícios da UEFA, o órgão que governa o futebol europeu.”

A verdade é que houve uma grande aversão a este modelo que se traduziu numa forte oposição das ligas, clubes e até dos aficionados do futebol. “Esta liga fechada é uma proposta para que os clubes mais ricos fiquem ainda mais ricos. Não passa de uma tentativa de formar uma superliga”, atirou Olsson.

“A nossa contraproposta é fazer com que a UEFA desenvolva uma distribuição muito mais justa do dinheiro das competições europeias. Precisamos de manter o sonho vivo para os clubes, ajudar no desenvolvimento de jovens e melhorar o equilíbrio competitivo”, disse, garantindo que a proposta da ECA irá distorcer o equilíbrio competitivo das competições, tornando o fosse entre os clubes mais ricos e os demais permanente e até maior.

A associação representante das Ligas, organizadoras dos campeonatos nacionais de futebol em toda a Europa, vai convidar os mais de 900 clubes que participam nas suas competições para se reunirem em Madrid, entre 6 e 7 de maio, de forma a “debater a maneira como gostariam de ver evoluir as competições profissionais de futebol na Europa”.

Este encontro acontecerá na véspera da reunião prevista para 8 de maio em Nyon, na Suíça, entre a UEFA e as Ligas europeias, que irão conversar sobre os projetos polémicos de reforma da Liga dos Campeões, desenvolvida pela ECA.

ZAP //

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