Plano militar divulgado por engano: Trump já apontou para um culpado desta “única falha”

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Will Oliver / EPA

Donald Trump, presidente dos EUA

Presidente dos EUA desvaloriza o caso no Signal que envolveu um jornalista e o ataque militar contra os Huthis do Iémen.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou hoje a troca de mensagens de texto num grupo de ‘chat’ com planos sensíveis para um ataque militar contra os Huthis do Iémen, considerando tratar-se de “uma pequena falha”.

Trump salientou que esta foi “a única falha em dois meses” da sua Presidência, enquanto os democratas criticavam no Senado a administração norte-americana por lidar com informações altamente sensíveis de forma descuidada.

Na troca de mensagens no grupo, que incluiu inadvertidamente um jornalista, a equipa de segurança nacional enviou uma mensagem de texto com o plano da operação militar para o Signal.

Em declarações à NBC News, Trump disse que o lapso “acabou por não ser grave” e manifestou o apoio contínuo ao conselheiro de segurança nacional Mike Waltz, que, por engano, adicionou o editor-chefe da The Atlantic, Jeffrey Goldberg, à corrente que incluía 18 altos funcionários da administração que discutiam o planeamento do ataque.

“Michael Waltz aprendeu uma lição e é um bom homem”, disse Trump na entrevista à NBC News.

O Presidente dos Estados Unidos também pareceu apontar a culpa a um assessor de Waltz, não identificado, por Goldberg ter sido adicionado à cadeia.

Era uma das pessoas de Michael ao telefone. Um funcionário tinha o número dele lá”, acrescentou.

Mas a utilização da aplicação de mensagens Signal para discutir uma operação sensível expôs a Presidência a críticas ferozes por parte dos legisladores democratas, que expressaram indignação perante a insistência da Casa Branca e dos altos funcionários da administração de que não foi partilhada qualquer informação confidencial.

Os altos funcionários da administração têm-se esforçado por explicar por que razão a aplicação disponível ao público foi utilizada para discutir um assunto tão delicado.

Nesse sentido, também hoje, a Casa Branca denunciou a existência de uma “tentativa coordenada” de diversão política, após Goldberg ter revelado que tinha sido incluído por engano numa discussão de alto nível sobre uma operação militar dos EUA no Iémen.

“Esta é uma tentativa coordenada de desviar a atenção do sucesso das decisões que o Presidente Trump e a sua administração tomaram para fazer com que os inimigos da América paguem”, lê-se num comunicado, que elogia os recentes ataques militares dos Estados Unidos contra os rebeldes Huthis no Iémen.

Entretanto, no Senado, funcionários dos serviços secretos norte-americanos negaram, numa acalorada discussão no Senado, que tenham sido partilhados dados sensíveis num ‘chat’ do Signal onde estava Goldberg e em que se coordenava o ataque militar no Iémen.

O vice-presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o senador democrata Mark Warner, classificou o episódio como um exemplo de “comportamento negligente, descuidado e imprudente” que colocou vidas norte-americanas em risco e perguntou diretamente à diretora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, se participou no ‘chat’.

Gabbard respondeu que “não vai entrar em pormenores”, porque o que aconteceu “está a ser analisado”, e insistiu que nada do que foi trocado na conversa era informação protegida, sublinhando a diferença entre fugas maliciosas e acidentais.

Por seu lado, o diretor da CIA, John Radcliffe, admitiu, quando interrogado por Warner, ter participado na conversa sob o acrónimo ‘JR’.

“As minhas trocas de mensagens no Signal foram totalmente permitidas e legais e nada de confidencial foi partilhado”, afirmou Radcliffe, ao que Warner o instou, bem como a Gabbard, que também terá participado na troca de mensagens, a partilharem tudo o que foi dito nessa conversa, uma vez que, segundo disseram, não havia qualquer informação confidencial.

O artigo publicado na segunda-feira por Goldberg pormenoriza passo a passo – sem revelar informações que considera confidenciais ou que possam afetar o trabalho de espionagem e inteligência – os quatro dias em que conseguiu ler a discussão entre altos funcionários do governo sobre um ataque que os rebeldes Huthis do Iémen dizem ter matado 53 pessoas e ferido outras 98.

Goldberg juntou-se a uma conversa na aplicação de mensagens encriptadas Signal, a 11 deste mês, a convite de uma conta com o nome do conselheiro de segurança da Casa Branca, Mike Waltz, num grupo de 18 pessoas que aparentemente incluía figuras-chave como o vice-presidente JD Vance, o secretário da Defesa, Pete Hegseth, o secretário de Estado Marco Rubio, Gabbard e o próprio Radcliffe.

// Lusa

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