A guerrilha curda PKK anunciou, esta segunda-feira, a sua dissolução e o fim de uma “luta armada” de 40 anos contra o Estado turco, em resposta ao apelo do fundador e líder da organização, Abdullah Öcalan, feito a partir da prisão.
O 12.º Congresso do PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão] decidiu dissolver a estrutura organizativa do PKK e pôr fim ao método da luta armada.
“O processo de implementação será conduzido e realizado pelo líder APO (Abdullah Öcalan), pondo assim fim às atividades desenvolvidas sob o nome do PKK”, declarou a guerrilha num comunicado divulgado pelos meios de comunicação turcos.
Öcalan, que cumpre uma pena de prisão perpétua há 25 anos, apelou no dia 27 de fevereiro ao PKK, considerado uma organização terrorista pela Turquia, pelos Estados Unidos e pela União Europeia, para depor as armas e colocar um ponto final a quatro décadas de luta armada, que deixou cerca de 45 mil mortos.
O PKK realizou um congresso entre 5 e 7 de maio para debater o pedido de Öcalan.
“O 12º Congresso Extraordinário do PKK considerou que a luta do PKK quebrou a política de negação e aniquilação imposta ao nosso povo, levou a questão curda ao ponto de ser resolvida através de políticas democráticas e cumpriu assim a sua missão histórica”, justificou, esta segunda-feira, a organização ilegalizada a sua decisão de depor as armas.
No dia 8, o Presidente islamista da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou numa reunião do seu partido, o AKP, que a organização curda iria anunciar em breve a decisão de depor as armas.
PKK desistiu das exigências
Inicialmente, o PKK, que opera principalmente a partir das suas bases no norte do Iraque, tinha exigido que Öcalan fosse libertado e ele próprio liderasse um eventual processo de paz com o Estado turco.
Já em 2013, Öcalan tinha anunciado o fim das aspirações independentistas do PKK, a intenção de integrar os curdos numa Turquia democrática e o abandono das armas, mas o processo foi abortado em 2015 e os combates e atentados intensificaram-se.
Desde que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) lançou a sua insurreição em 1984, mais de 40 mil pessoas foram mortas à margem do conflito.
ZAP // Lusa