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Piranhas atacam oito turistas em resort brasileiro. Foi um festim

Loury Cédric / Wikipedia

Pygocentrus nattereri, a Piranha-vermelha

As piranhas estavam habituadas à comida deitada a um rio próximo. Ao primeiro cheiro de sangue, o cardume atacou em massa.

Um cardume de piranhas atacou oito pessoas que estavam de férias num resort brasileiro em Tarumã-Açu, no nordeste de Manaus, capital do estado do Amazonas.

Os banhistas, que se encontravam junto a um riacho nas imediações do resort, ficaram com ferimentos nas pernas e pés, causados pelos famigerados dentes aguçados das piranhas.

Especialistas consultados pelo Live Science  acreditam que a fúria dos ataques foi um caso de “identidade equivocada” e que as piranhas estavam, na realidade, à procura da comida que os visitantes dos restaurantes locais às vezes atiram ao rio.

As piranhas não lançam ataques não provocados a seres humanos”, explica Steve Huskey, professor de biologia da Western Kentucky University. “Esta é uma situação típica de identidade trocada, como acontece por vezes com os ataques de tubarões: estavam apenas à procura de comida no seu local habitual”

Mas algumas espécies de piranha, incluindo a piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri), participam por vezes em “banquetes coletivos”.

“As espécies do gênero Pygocentrus, que habitam nas bacias dos rios Amazonas e São Francisco, são as mais perigosas“, explica ao Live Science oictiólogo Paulo Andreas Buckup, rofessor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Mas esse comportamento acontece apenas em circunstâncias excepcionais, como quando um grande número de peixes está preso em pequenas poças ou passa fome por muito tempo. “Estes peixes nadam em cardumes e normalmente não atacam animais grandes”, acrescenta Buckup.

A maioria das piranhas é inofensiva e as espécies carnívoras tendem a ser necrófagas em vez de caçar animais vivos.

“Algumas espécies da família das piranhas comem apenas frutas, insetos e matéria vegetal, especializam-se em comer escamas de peixe e beliscar as barbatanas de outros peixes”, diz Buckup. “Podem atacar outros peixes vivos ou animais, mas preferem carne morta — sempre que esteja disponível“.

A presença de banhistas num local de alimentação, no entanto, pode levar a confusão e agressão. “Alimentar piranhas num ambiente turístico reforça os seus comportamentos naturais”, diz Mark Sabaj Perez, ictiólogo da Academy of Natural Sciences da Drexel University, em Filadélfia.

O ataque em Tarumã-Açu pode ter sido desencadeado por uma única piranha que terá confundido um pé com comida. Uma só mordidela poderá ter derramado sangue, o que, por sua vez, provocou um frenesim alimentar.

“O ataque foi provavelmente causado pela presença de sangue na água, ferimentos na pele ou movimentos que pareciam um peixe em sofrimento”, diz Buckup. “Com dentes tão afiados, uma única mordidela pode causar muito sangue e desencadear o comportamento frenético de alimentação em grupo”.

As piranhas têm a mordidela mais forte de que há registo em peixes ósseos – tão poderosa como a de um tubarão-branco, de acordo com um estudo publicado em 2012 na revista Scientific Reports.

Segundo Steve Huskey, a mordidela da piranha-preta (Serrasalmus rhombeus) tem uma força equivalente a 35 vezes o seu peso corporal, em comparação com apenas uma vez o seu peso corporal para um tubarão-branco.

ZAP //

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