Acha-se picuinhas quando escolhe um parceiro amoroso? Olhe que não, diz a ciência

Não somos tão selectivos como pensamos, preferimos as relações mais longas e odiamos ter de terminar com alguém, mesmo que a relação seja tóxica, aponta uma nova pesquisa.

Quantos de nós se queixam de se demasiado picuinhas para encontrar o amor? Bem, de acordo com uma nova pesquisa publicada na Personality and Social Psychology Review, isso pode não ser verdade.

Segundo o estudo, há muitas provas que apontam para o contrário e que os humanos são muito mais predispostos para começarem, avançar e manterem relações românticas do que se apercebem. Em vez de sermos muito selectivos, a nossa tendência é continuar nas relações, mesmo quando a coisa dá para o torto.

“Já estudo as decisões nas relações há cerca de uma década. Interesso-me por relações românticas porque são um aspecto da vida das pessoas com uma grande carga emocional e pelas decisões porque dão poder às pessoas. O que podem fazer para melhorar as relações? Há forma de ajudá-las a escolher parceiros que são melhores?”, afirma Samantha Joel, professora universitária e autora do estudo.

Quanto mais analisou as decisões que tomamos quando estamos apaixonados, mas a especialista notou um padrão de comportamento: quando temos de fazer uma escolha, o caminho que leva a uma relação longa e de compromisso parece mais fácil do que ficar solteiro.

A nova investigação serviu apenas para se provar (ou não) de vez esta hipótese, com uma revisão da literatura científica sobre a formação e manutenção de relações amorosas, que concluiu que as pessoas não são particularmente picuinhas quando escolhem um parceiro.

Por exemplo, um grande estudo ao speed-dating mostrou que os participantes disseram sim a uma média de 40% das suas opções. As pessoas tendem também a sobrestimar a sua disposição para rejeitar potenciais parceiros que se mostraram interessados neles, mesmo que tenham alguns defeitos, explica o PsyPost.

Ver pessoas a apaixonarem-se também não é raro e há também uma tendência a que os parceiros se afeiçoem mutuamente de forma rápida. Já a decisão de se terminar uma relação longa é bastante mais difícil, mesmo quando esta é tóxica ou violenta, devido ao sentimento de culpa.

“Mesmo quando uma relação se dissolve, a separação nem sempre dura. As relações vai e vem são comuns”, apontam os autores. “O principal argumento do estudo é que, regra geral, as pessoas querem ter relações a longo prazo e os nossos julgamentos tendem a ser calibrados para esse objectivo”, revela Joel ao PsyPost.

Mas esta realidade não é igual para todos. Por exemplo, o estudo também considera a possibilidade das pessoas mais atraentes fisicamente terem o privilégio de poderem ser mais picuinhas e das mulheres serem mais selectivas que os homens, tendo ambas as hipóteses algumas provas de que podem ser verdade.

Há também algumas limitações sobre a generalização dos dados, já que os estudos sobre relações e psicologia tendem a ter representar em demasia pessoas brancas, cis-género, sem deficiências e de uma classe económica mais elevada, o que não permite ter em conta as diferenças que estes factores e as diferenças culturais têm nos nossos relacionamentos amorosos.

Adriana Peixoto, ZAP //

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