O que é o Ébola e como se espalha

EU Humanitarian Aid and Civil Protection / Flickr

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A epidemia de ébola no oeste da África é a pior de que se tem registo na História. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 887 pessoas morreram na região por causa da doença, levando autoridades de saúde da Guiné, Libéria e Serra Leoa a correr contra o tempo para tentar controlar o vírus.

O que é o ébola?

Ébola é uma doença causada por um vírus cujos sintomas iniciais incluem febre, fraqueza extrema, dores musculares e dor de garganta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). À medida que a doença avança, o paciente pode sofrer de vómitos, diarreias e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.

Humanos contraem a doença através do contacto com animais contaminados, tais como chimpanzés, morcegos e antílopes.

Entre humanos, o vírus pode espalhar-se por meio do contacto direto com sangue contaminado, fluidos corporais ou órgãos do doente, ou mesmo por meio do contacto com ambientes contaminados. Até os funerais de vítimas de ébola podem representar riscos, se outras pessoas tiverem contacto direto com o corpo do defunto.

O período de incubação pode demorar de dois dias a três semanas, e o diagnóstico é difícil. Em humanos, a doença está limitada maioritariamente à África, embora tenha ocorrido um caso nas Filipinas.

Agentes de saúde pública também correm riscos caso tratem pacientes sem tomar as precauções adequadas para prevenir a contaminação.

As pessoas permanecem contaminadas enquanto o seu sangue e as suas secreções contiverem o vírus – em alguns casos, até sete semanas depois da recuperação.

Onde a doença ocorre?

Surtos de ébola têm ocorrido primariamente em vilas remotas da África Central e Ocidental, segundo a OMS.

A doença apareceu originalmente na República Democrática do Congo (quando ainda se chamava Zaire), em 1976. Desde então, espalhou-se para o leste, afetando países como Uganda e Sudão.

O surto atual tem a particularidade de se ter iniciado na Guiné, que nunca tinha registado um caso antes, e de estar a espalhar-se por áreas urbanas.

Desde Nzerekore, uma área rural no sudeste da Guiné, o vírus chegou à capital, Conacri, e aos países vizinhos Libéria e Serra Leoa.

Um homem que em julho viajou de avião entre a Libéria e Lagos, na Nigéria, foi mantido em quarentena ao desembarcar e depois morreu por causa do ébola – o primeiro caso na Nigéria.

Um dos médicos que o trataram foi infectado e oito pessoas com quem o paciente teve contacto estão agora em isolamento.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirma tratar-se de um surto “sem precedentes”, com casos que se distribuem por áreas separadas por centenas de quilómetros na Guiné.

A MSF diz que a tarefa de acompanhar pessoas que tiveram contacto com pacientes de ébola é uma “corrida contra o relógio”.

Que medidas estão a ser tomadas contra o ébola?

O Banco Mundial anunciou que destinará 200 milhões de dólares (cerca de 150 milhões de euros) em caráter de urgência para ajudar Guiné, Libéria e Serra Leoa a conterem a epidemia de ébola.

Centenas de soldados na Libéria e em Serra Leoa foram mobilizados para conter o pânico nas comunidades afetadas e transportar equipas médicas de uma localidade para a outra.

A Libéria já fechou escolas e a maioria das suas fronteiras e colocou em quarentena as comunidades onde o vírus foi encontrado.

Em julho, a morte de um renomado médico liberiano, Samuel Brisbane, ajudou a propagar os esforços de comunicação do governo sobre o vírus.

Em Serra Leoa, o médico que liderava os esforços contra a doença também acabou por tornar-se uma das suas vítimas.

As companhias aéreas Asky e Arik Air, que operam no Oeste da África, suspenderam os seus voos para Libéria e Serra Leoa. Testes mais rigorosos estão a ser realizados nos aeroportos.

No início do surto atual, o Senegal fechou sua fronteira com a Guiné. Países asiáticos, como a China e o Vietname, também estão a mobilizar-se para evitar a entrada do vírus em seu território, com ações como a monitorização mais criteriosa dos passageiros nos aeroportos.

Quais são as precauções a ser tomadas?

Segundo a OMS, evitar o contacto com pacientes de ébola e seus fluidos corporais. Em ambientes públicos, não tocar em nada que possa carregar o vírus – por exemplo, toalhas de mão.

Quem estiver a cuidar de pacientes de ébola precisa usar equipamento de proteção, como luvas e máscaras, e lavar bem as mãos regularmente.

Populações em áreas rurais estão a ser aconselhadas pela OMS a não consumir carne crua de animais selvagens e a manter distância de morcegos, macacos e primatas. Alguns tipos de morcegos são considerados iguarias na Guiné, onde o surto teve início.

Em março, o Ministério da Saúde da Libéria aconselhou as pessoas a evitar sexo; o vírus pode ser transmitido pelo sémen, mesmo até sete semanas depois da eventual recuperação de um paciente, observa a OMS. As recomendações anteriores já pediam para se evitar apertos de mão e beijos.

O que fazer quando se contrai o vírus?

Manter-se em isolamento e procurar ajuda médica profissional. As hipóteses de sobrevivência aumentam se o paciente começar a receber tratamento imediatamente.

Não existe uma vacina para o vírus, embora algumas, assim como tratamentos clínicos, estejam em testes.

Como os pacientes ficam desidratados rapidamente, a recomendação é beber líquidos que contenham eletrólitos ou receber fluídos por via intravenosa.

De acordo com os Médicos Sem Fronteiras, o atual surto é causado pela variedade mais agressiva do ébola, matando entre 50% e 60% das pessoas que infecta.

Não se sabe que fatores determinam que alguns pacientes se recuperem e outros sucumbam à doença.

ZAP / BBC

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