Estudos recentes sugerem que estamos mais perto do que nunca de saber se os peixes têm sentimentos, com provas crescentes de que os peixes podem ter caraterísticas associadas à senciência, como a capacidade de sentir dor e emoções.
Um avanço na compreensão da inteligência dos peixes aconteceu quando um pequeno peixe tropical, o bodião-limpador, passou o teste de auto-reconhecimento no espelho. Este teste, considerado o padrão de ouro para identificar a auto-consciência em animais, envolve colocar uma marca no corpo do animal e observar se ele usa um espelho para inspecionar a marca.
Para animais como primatas, golfinhos e elefantes, passar no teste é visto como um sinal de auto-consciência. Quando o bodião-limpador apresentou um comportamento semelhante, alguns cientistas ficaram surpreendidos e colocaram em causa a validade do teste.
Culum Brown, um perito em comportamento de peixes da Universidade Macquarie em Sydney, vê este facto como uma prova de preconceito contra a inteligência dos peixes.
Brown argumenta que a relutância em aceitar os resultados reflete o pressuposto de longa data de que os peixes são menos capazes cognitivamente do que outros animais. Apesar disso, outros estudos demonstraram que os peixes têm a capacidade de aprender, recordar e sentir dor, o que sugere a existência de sensibilidade.
A ideia de que os peixes sentem dor ainda é contestada. O professor Nick Ling, da Universidade de Waikato, refere que é difícil confirmar a existência de dor nos peixes, uma vez que estes não conseguem comunicar como os humanos.
No entanto, experiências conduzidas pela por Lynne Sneddon, da Universidade de Gotemburgo, ofereceram provas convincentes. Por exemplo, a truta arco-íris injetada com veneno de abelha apresentou comportamentos consistentes com a dor, tais como balançar de um lado para o outro e aumentar a taxa de respiração pelas guelras.
A discussão sobre a senciência e a dor dos peixes é complicada devido à enorme diversidade de espécies de peixes, que vão desde criaturas minúsculas a peixes gigantescos. No entanto, à medida que os conhecimentos científicos avançam, muitos defendem que os peixes devem ser tratados com o mesmo respeito e cuidado que os outros animais, como as vacas, os gatos e os cães.
Citado pelo The Guardian, Brown acredita que a mensagem central é simples: se os peixes têm a capacidade de sofrer, os humanos têm a obrigação moral de minimizar esse sofrimento sempre que possível.