Foi o único exemplar encontrado e nem sequer houve exportações de peixes nativos do Brasil para a Irlanda nos últimos 12 meses, mas uma coisa é certa: o Pacu estava no lago irlandês.
Autoridades e cientistas irlandeses estão intrigados após a descoberta de um peixe Pacu, nativo da Amazónia, num lago no interior da Irlanda.
Pescador veterano e proprietário de uma pousada de pesca no Condado de Leitrim, onde fica o Lago Garadice, no interior da Irlanda, a 140 quilómetros da capital Dublin, o empresário Steve Clinch, de 68 anos, foi o responsável por encontrar o peixe de aproximadamente dois quilos.
Clinch explicou que o peixe não foi capturado por si, mas encontrado já sem vida nas margens do lago. “Parece que foi colocado vivo e, posteriormente, morreu. Eu limitei-me a retirá-lo e a reportar às autoridades locais, que o levaram para inspeção, e consideraram ser uma espécie não nativa da região“, afirmou.
O lago é relativamente pequeno, com cerca de quatro quilómetros quadrados, mas é conhecido pela sua beleza cénica e atividades recreativas como pesca e passeios de barco. Os peixes de água doce comuns na região são de pequeno e médio portes, como a truta marisca, o lúcio, o achigã e a perca.
O Inland Fisheries Ireland, instituto irlandês responsável pela proteção, gestão e conservação dos recursos de água doce e de pesca na Irlanda, já iniciou uma investigação. Segundo o Instituto, o peixe está refrigerado num laboratório para análise dos restos mortais.
“Ainda não há detalhes definitivos sobre a origem do peixe e como chegou ao lago Garadice, mas pode ter sido libertado de um tanque particular de peixes”, disse a assessoria de imprensa do instituto.
O instituto enfatizou que foi encontrado apenas um exemplar morto de peixe Pacu no lago, e não uma população inteira da espécie. Na Irlanda, a criação de peixes não nativos é regulada por leis e regulamentos específicos.
Embora não exista uma proibição absoluta da criação de peixes não nativos, as autoridades irlandesas adotam medidas para controlar o cultivo de espécies consideradas exóticas, a fim de proteger os ecossistemas aquáticos e a biodiversidade local.
Em nota, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) afirmou que, em pesquisa feita pela Coordenação de Comércio Exterior do órgão, não foram identificadas exportações de peixes nativos do Brasil para a Irlanda nos últimos 12 meses.
Mas o assunto tornou-se viral nas redes sociais com o humor da comunidade brasileira na Irlanda. Muitos brasileiros têm ironizado que até o Pacu veio para cá estudar inglês, já que a Irlanda é um destino muito procurado para intercâmbio. Frases como “Peixe intercambista” e “Veio aprender inglês” proliferaram nos feeds das redes sociais.
O perigo dos peixes não nativos
Peixes não nativos podem competir com as espécies nativas por recursos como alimentos, espaço e abrigo, o que pode levar à redução das populações de espécies nativas e à alteração das cadeias alimentares.
Peixes não nativos podem vir a alimentar-se dos nativos, que assim correm risco de extinção, podem trazer doenças ou parasitas aos quais as espécies nativas não estão adaptadas e podem ter impactos económicos negativos, especialmente se afetarem a pesca comercial, a aquicultura ou o turismo relacionado à pesca.
// BBC