Há 380 milhões de anos, um peixe australiano respirava ar

(dr) Brian Choo / Flinders University

Harajicadectes zhumini

Os restos fósseis de uma nova espécie de peixe com grandes aberturas na parte superior do crânio, descobertos na Austrália, revelaram que o animal era capaz de respirar ar à superfície.

O rio Finke, considerado uma das bacias hidrográficas mais antigas do mundo, já foi a casa de espécies muito estranhadas.

Nelas inclui-se este peixe predador com barbatanas divididas em lóbulos, enormes presas e escamas ósseas.

O animal, que viveu há 380 milhões de anos, foi denominado Harajicadectes zhumini por uma equipa internacional de cientistas liderada pelo paleontólogo da Universidade Flinders, Brian Choo.

Segundo o Europa Press, o fóssil pertence à antiga linhagem dos tetrapodomorfos, que se tornaram ancestrais dos tetrápodes com membros e, mais tarde, dos humanos.

O Harajicadectes distingue-se pelas suas grandes aberturas no topo do crânio que lhe permitiam respirar ar à superfície.

“Acredita-se que essas estruturas espiraculares facilitavam a respiração do ar à superfície”, salientou o investigador Brian Choo, destacando que o animal cresceu até atingir 40 centímetros de comprimento.

John Long, professor da Flinders e especialista em peixes fósseis, referiu que o surgimento sincronizado desta adaptação à respiração aérea pode ter coincidido com um período de declínio do oxigénio atmosférico durante o período Devoniano.

“A capacidade de complementar a respiração branquial com oxigénio transportado pelo ar proporcionou uma vantagem adaptativa”, sublinha o investigador.

Entre 1973 e 1991, foram encontrados vários fragmentos de ossos da espécie, mas nada e relevante que ajudasse a descrever o animal.

No entanto, desta vez, foi descoberto o crânio completo e grande parte das áreas adjacentes ao pescoço intactas no norte da Austrália, em Harajica Sandstone Member.

O artigo científico com as descobertas foi publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.

ZAP //

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