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“Por causa do nosso passado, temos de ser mais vigilantes que os outros”

Michael Kappeler / EPA

A chanceler alemã, Angela Merkel

Em entrevista à CNN, Angela Merkel mostrou-se benevolente no que diz respeito à integração de refugiados e afirmou que a Alemanha tem que ter especial atenção à questão do antissemitismo.

A chanceler alemã afirmou, numa recente entrevista à CNN, que “é um erro que os partidos do centro cometem, ceder poder aos populistas, e a Alemanha, com o seu passado, está moralmente obrigada a tirar lições da História”.

Nestas eleições europeias, a CDU de Angela Merkel saiu penalizada e a chanceler está há tempo suficiente no poder para conseguir observar de perto a fuga dos eleitores para as franjas da direita. Segundo os críticos, a culpa é da política benevolente em relação aos refugiados que sempre defendeu.

Esta terça-feira, a governante voltou a defendê-la, afirmando que a melhor forma de lidar com a imigração e com as crises humanitárias como as que afetam a Síria e o Iraque “não é fecharmo-nos ao outro e uns aos outros”, mas sim “permanecermos alerta para garantir que os refugiados têm o tratamento adequado“.

Em relação à recente onda de antissemitismo que assolou a Alemanha, um país cujos políticos do passado orquestraram o maior genocídio da história, precisamente contra os judeus, Merkel afirmou que o país “não se vai desligar dos acontecimentos que vemos em todo o mundo porque também estão a passar-se na Alemanha”.

“Mas na Alemanha temos de analisar a situação sob uma luz diferente, dentro do contexto do nosso passado, o que significa que temos de ser muito mais vigilantes do que os outros”, sublinhou a chanceler alemã.

De acordo com o Expresso, os comentários de Merkel seguem-se à polémica gerada pelas declarações do diretor do programa do governo contra o antissemitismo, Felix Klein, que aconselhou os judeus a não usarem “a toda a hora e em toda a parte” o tradicional quipá.

Segundo dados do Ministério do Interior, os crimes de ódio contra judeus subiram 20% entre 2017 e 2018, enquanto o número de ataques à sua integridade física passou de 37 em 2017 para 69 no ano passado. Contudo, o conselho de Klein foi encarado como capitulação perante os crimes de ódio por alguns membros da comunidade judaica e pelo próprio presidente de Israel, Reuven Rivlin.

“Infelizmente sempre tivemos um certo grau de antissemitismo no meio de nós. Até aos dias de hoje não existe uma sinagoga, um único infantário ou escola para crianças judias que não tenha de ser patrulhada por polícias alemães“, disse Angela Merkel à CNN.

ZAP //

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