Os deputados britânicos proibiram Boris Johnson de entrar no Parlamento, validando em votação ontem à noite um relatório concluindo que o antigo Primeiro-Ministro mentiu ao Parlamento sobre o “partygate”, escândalo que o obrigou a demitir-se em Julho do ano passado.
Com 354 votos a favor e apenas 7 contra sobre um total de 650 deputados, foi amplamente aprovado pela Câmara dos Comuns o relatório parlamentar publicado no passado dia 15 de Junho.
Este relatório considera que o antigo chefe do governo britânico “induziu a Câmara em erro sobre uma questão da maior importância para a Câmara e para o público” e isso “repetidamente“.
Em causa estava a sua participação e responsabilidade na organização de festas clandestinas na sua residência oficial entre 2020 e 2021, em pleno confinamento devido à pandemia.
À luz dessas conclusões, o relatório de 106 páginas recomendava que Boris Johnson fosse proibido de entrar em Westminster durante 90 dias, mas este último renunciou ao cargo.
Embora esta votação parlamentar não tenha nenhum impacto concreto para os Britânicos, ela representa uma humilhação para o antigo dirigente conservador que denunciou uma “caça às bruxas”, e faz igualmente emergir à luz do dia as divisões no seio dos conservadores.
O actual Primeiro-ministro Rishi Sunak, rival de Bo-Jo no partido, optou por não comparecer na votação, alegando não querer “influenciar” o voto, enquanto uma das suas antecessoras, Theresa May preconizava abertamente que se validasse o relatório de modo a “contribuir para restaurar a confiança na democracia parlamentar”.
Paralelamente, de acordo com uma recente sondagem, 69% dos inquiridos e 51% dos conservadores, consideram que Bo-Jo mentiu sobre o “Partygate”.
Ainda no passado domingo, numa enésima réplica do escândalo, o jornal ‘The Mirror’ publicou um novo vídeo mostrando membros do partido conservador a dançar numa festa durante a pandemia, em total desrespeito das regras de distanciamento físico então em vigor, o que suscitou uma nova onda de reprovação.
// RFI