“Pareces uma morta”. Deputados do Chega acusados de fazer bullying a deputada cega

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Mário Cruz / Lusa

Ana Sofia Antunes, deputada do PS

“Aberração” e “drogada” foram alguns dos insultos ouvidos no Parlamento esta quinta feira. Vários partidos denunciaram a situação “muito grave”.

Num debate parlamentar sobre crianças com necessidades educativas especiais, interveio a deputada do PS Ana Sofia Antunes, que é invisual, argumentando sobre o tema.

Em resposta, veio a deputada do Chega Diva Ribeiro. “É curioso que a deputada Ana Sofia Antunes só consiga intervir em assuntos que envolvem infelizmente a deficiência”. Instalou-se o caos na Assembleia. A indignação surgiu não apenas da bancada do PS.

Foram-se então ouvindo farpas lançadas pelas duas bancadas, o PS a pedir “respeito”, e o Chega a gritar “está calada”.

Mas os insultos não se ficaram por aqui: Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, diz que na sua bancada era possível ouvir os deputados do Chega, mesmo com o microfone desligado. “O insulto ‘aberração‘ ouviu-se da nossa bancada”, garantiu.

“Eu indignei-me não tanto pelos insultos, que são comuns da bancada do Chega, mas porque a deputada estava a fazer sinal à mesa e precisa de ouvir que a sinalização foi vista, caso contrário não sabe. Enquanto fazia sinal, estava a deputada Rita Matias a mandá-la baixar o braço com gestos, sabendo que não conseguia distinguir”, disse à CNN.

Mariana Mortágua também denunciou que a situação constituía “ofensas” e “bullying contra uma pessoa com deficiência”.

Foram ainda ouvidas “bocas” no hemiciclo, como “drogada“, “pareces uma morta“, entre outros, dirigidos da bancada do Chega à deputada do PS.

E Rita Matias, do Chega, continuou a defender a posição do seu partido: “a vossa bancada quando quer falar sobre racismo chamava a deputada [negra] Romualda Fernandes […] quando quer falar de orientações sexuais chama as pessoas LGBT”, afirmou.

O PS acusou o Chega de ofender “a honra da bancada parlamentar”, e o PSD também se indignou com a situação: Hugo Soares declarou que o comentário de Diva Ribeiro “ultrapassa o bom senso, a educação, a urbanidade e a dignidade que a Câmara exige”, intervenção que valeu ao líder parlamentar uma ovação da esquerda.

Entretanto, a deputada visada pelos comentários já se pronunciou sobre a situação. “Ontem, no plenário da Assembleia da República, eu fui desrespeitada enquanto pessoa com deficiência. Sou uma pessoa com deficiência, sou uma pessoa cega congénita”, disse, citada pela Lusa.

“Têm-se tornado frequentes comentários, apartes, afirmações humilhantes vexatórias em relação a diferentes pessoas com diferentes características, sejam elas mulheres, migrantes, com diferentes orientações sexuais, com diferentes características físicas”.

A deputada do PS defendeu que não se pode “permitir que este livre-trânsito continue a acontecer no parlamento, disfarçado de uma suposta liberdade de expressão”.

Ana Sofia Antunes contrapôs ainda a acusação da deputada do Chega de que só intervém em temas de deficiência e contabilizou cerca de 15 intervenções desde que assumiu o lugar de deputada nesta legislatura sobre temas como segurança ou migrações, acrescentando que é coordenadora do PS na Comissão de Assuntos Europeus.

ZAP //

23 Comments

  1. Estes cheganos, supostos defensores das boas tradições familiares, da moralidade e dos bons costumes, já não enganam ninguêm – excepto alguns ingénuos. A sua moralidade é a dos tacanhos, a sua honestidade a dos hipócritas, o seu conceito de sociedade é medieval, a sua ideia de democracia é “eu é que mando”. Estas últimas semanas estão a revelar-se muito desventurosas.

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  2. Chega de anormais pagos por nos a fazer estas figuras tristes, a peixeira (com o devido respeito pelas verdadeiras peixeiras) Rita Matias devia ver as figuras tristes que faz…

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  3. Para quando a ilegalização desta escumalha peçonhenta que envergonha Portugal e os portugueses a cada hora que passa?
    Ou são corridos a bem ou serão corridos a mal!!!
    Chega desta gente! Basta! Basta!

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  4. O Chega é o partido dos labregos. Nem um cego conseguem respeitar. Uma vergonha ter esta escumalha no parlamento. Ladrões de malas feirantes, violadores de menores, insultam os cegos…. Só falta baterem numa velhinha mesmo.

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  5. Há alguns anos atrás quando o Chega falava em Imigração os do costume exaltavam-se manipulavam a intenção das afirmações e acusavam o Chega de xenofobia e racismo e algum povo doutrinado ia atrás….. Quando defendia os policias em detrimento dos bandidos os do costume exaltavam-se afirmavam que a extrema direita estava infiltrada na policia e apoiavam os bandidos e algum povo doutrinado ia atrás. etc……
    Agora uma deputada do Chega ousa apontar o óbvio em que que a bancada socialista só utiliza determinados deputados de forma a sensibilizar o hemiciclo e tentar dar força as suas ideologias, aqui del rei manipula-se novamente a intenção das afirmações e acusa-se o Chega de descriminação dos deficientes e algum povo doutrinado vai atrás. Só não percebe quem não quer ou então limitam-se a ouvir os média que são obrigados a lamber a mão a quem lhes dá subsídios.

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    • Coitadinhos que tão injustiçados que eles se sentem… quando foi de andar a inventar verdades a acusar o que era e o que não era não lhes doía. Agora que caiu a cortina a o foco das atenções está no panasca pedo filo, no louco ladrão de malas em aeroporto, no que batia na mulher… e outros, junto com os grunhos da assembleia, agora já dói e vêm estes dois senhores defender um partido como se o balance entre a grunhice / falta de respeito por tudo o que não é o chega e as suas hostes, e algum trabalho que consideram que foi bem feito (a mim faltam-me dados para avaliar), fosse um balanço positivo, como se tivessem mais activos que passivos… pergunta, vocês os 2 não têm espelhos em casa?

  6. Eu, que acho que o Chega é um partido perigoso e que atrai muita gente que, à primeira oportunidade, criaria uma ditadura governada por tiranos, belicistas e opressores das liberdades individuais, até acho que o Chega tem alguma razão neste episódio.
    Ouvi a fulana do PS a criticar a proposta do Chega só porque tinha 3 páginas e a dizer que a do PS tinha 30 páginas (se os números não eram estes, eram parecidos…). Mas então a qualidade das propostas avalia-se pelo número de páginas?!
    E também achei interessante que, aparentemente, a fulana do PS pouco mais tenha feito do que esta proposta de apoio a pessoas com deficiências. De facto, parece que a fulana do PS só se empenhou e participou nesta proposta porque é cega. E parece que o PS só lhe encontra valor e utilidade no contexto da sua deficiência. Faz-me lembrar o Livre: foi buscar a Joacine porque era mulher, preta e gaga, apenas por isso, e depois, quando já tinha o que queria, foi o primeiro a dar um pontapé na Joacine. Hipocrisia!

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    • Leste a notícia? A mulher claramente participa noutros temas. A quantidade de páginas está diretamente correlacionada com o esforço que o partido dedicou à sua execução. Com tantos macacos só conseguiram fazer 3 páginas? Estão lá a trabalhar ou a aquecer bancos enquanto mamam à nossa custa? Às vezes parece que mesmo com os factos espetados na vossa cara, os cheganos recusam-se a ver a realidade do partido podre que apoiam.

  7. Gostaria que alguém me explicasse o que fazem no Parlamento – para além de destabilizar e peixeirada, os 50 deputados do chega? –

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  8. Tudo encenado entre o Partido Chega e os restantes Partidos que se encontram na Assembleia da República, o regime liberal/maçónico imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974 está mesmo desesperado.
    «…Desde um extremo ao outro do espectro partidário português, estes partidos são todos iguais no seu conservadorismo de regime. Fingem se combater uns aos outros, só para enganar os Portugueses mais distraídos. Porém, estão alinhados, todos e ainda que em estilos diversificados, sob as mesmas batutas que controlam a imposição do sistema político-constitucional ainda vigente…» – Alberto João Jardim in «A Tomada da Bastilha» (https://www.aofa.pt/rimp/PR_Alberto_Joao_Jardim_Documentacao.pdf)

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  9. A D. Capela de Jesus, também conhecida por Dina Ribeiro, devia ter mais respeito pelos outros e, em particular, por pessoas portadoras de deficiência.
    Talvez já se tenha esquecido da sua formação académica, pois de casa não terá recebido chá de pequena.
    E é esta e outras que formam e representam os portugueses.

  10. Vejo os deputados a insultarem-se desde sempre.
    Depois disto, tiro uma conclusão: o insulto apenas não é aceitável se for explícito, frontal e pouco requintado. Com requinte hipocrisia podes fazer o bullying que quiseres, como sempre aconteceu…

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    • “Vejo os deputados a insultarem-se desde sempre.”. – sim, mas …
      A práctica continua de um erro não legitima o erro.
      A normalização da violência é uma derrota para a civilização.

  11. A imunidade parlamentar às vezes é para lamentar.
    Outras vezes perdem-se boas oportunidades de arrear umas belas porradas nos depudatos do AVentura.
    Antes o ps tinha mais mãos que o chega, mas agora estão empatados, seria uma bela batalha campal, equilibrada e tudo.
    Os do ps têm mais práctica em fechar o punho, mas é o só o da mão esquerda, mas pronto, sempre podem dar socos com a mão esquerda e chapadas com a mão direita.
    Os do chega estão mais habituados a dar biqueiradas na cabeça dos pretos com botas de biqueira de aço.
    O paralamento parece um estádio de futebol com as claques a insultarem-se mutuamente, só falta mesmo o jogo de futebol…

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