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Parasita de gato que causa cegueira em humanos encontrado em baleia no Ártico

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Tiffany Terry / Flickr

Uma baleia beluga do Ártico

Uma baleia beluga do Ártico

O parasita de gatos Toxoplasma gondii, que pode causar cegueira em seres humanos, foi encontrado numa baleia beluga na costa oeste do Ártico. A descoberta foi feita por cientistas da Universidade de British Columbia, no Canadá, que emitiram um alerta à comunidade local Inuit para não comer carne deste tipo de mamífero.

Segundo os investigadores, trata-se de uma prova de que o aquecimento global do Ártico tem vindo a permitir uma maior circulação de patogénios.

No passado, o clima da região agia como uma espécie de “obstáculo” aos agentes infecciosos.

NIAID

Michael E. Grigg

O parasitologista molecular Michael E. Grigg

“O gelo é uma barreira ecológica importante que influencia a forma como os patogénios podem ser transmitidos na natureza”, afirmou à BBC Michael Grigg, parasitologista molecular que liderou a equipa responsável pela descoberta.

“O que nós temos descoberto com as mudanças ocorridas no Ártico é que novos agentes patogénios têm surgido, causando doenças na região que nunca tinham sido vistas anteriormente”, acrescentou.

Grigg, que faz parte da Unidade de Pesquisas de Mamíferos Marinhos da Universidade de British Columbia, fez estas declarações durante o encontro anual da AASS, a Associação Americana para o Avanço da Ciência.

O Toxoplasma gondii tem forte presença nas baixas latitudes e muitas pessoas contraem o parasita sem desenvolver problemas de saúde.

No entanto, o organismo pode apresentar riscos para mulheres grávidas e indíviduos com sistema imunológico fraco.

Aquecimento global

Os cientistas ainda não sabem, no entanto, como os parasitas foram parar à baleia beluga.

Suspeita-se que os gatos trazidos para o Ártico como animais domésticos poderiam estar infectados com o organismo.

Na hipótese sustentada pelos investigadores, as fezes desses felinos teriam entrado em contacto com a água dos rios que desaguam no oceano.

Com a elevação das temperaturas no Ártico, acreditam eles, a água permanece em estado líquido por mais tempo, facilitando, assim, o contacto do parasita com outros animais.

“O estágio de transmissão do parasita é uma estrutura em forma de ovo”, afirmou Grigg.

“A única forma de eliminá-lo é fervê-lo ou congelá-lo. Por isso, quanto mais tempo as temperaturas ficarem acima de zero grau Celsius, maior é o risco de exposição ao parasita. Com o aquecimento global, esse risco aumenta”, acrescentou.

Em 2012, a equipe liderada por Grigg revelou que uma nova estirpe de outro parasita, o Sarcocystis, foi responsável pela morte de mais de 400 focas cinzentas no Atlântico Norte. O patogénio tinha sido observado anteriormente apenas no Ártico.

Jeremy Potter. / nooa.gov

Bióloga oceanogáfica da NOAA, Sue Moore

Sue Moore, bióloga oceanógrafa da NOAA

Para Sue Moore, oceanógrafa da NOAA, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, órgão do governo para assuntos ligados à meteorologia, oceanos, atmosfera e clima, a monitorização dos mamíferos marinhos é a melhor forma de observar as mudanças no Ártico.

“Os mamíferos marinhos são o que chamo de “sentinelas da mudança””, afirmou.

“Eles estão no topo da cadeia alimentar e dependem do ecossistema em que vivem. Deles podemos ter assim uma visão ‘de cima para baixo’ do que está a acontecer”, explicou Moore.

“Os mamíferos marinhos reflectem as mudanças que estão a ocorrer no ecossistema. Se um deles parar de comer determinado alimento e passar a comer outro, então é porque algo de importante aconteceu”.

ZAP / BBC

3 Comments

    • Caro Nuno Santos,
      Lamentamos que não tenha sido sensível à importância do facto noticiado.
      Em resposta à sua questão, e conforme está explícito no link do crédito dado na notícia, a sua fonte é a BBC.

  1. Apenas gostaria de comentar que esse tipo de notícias são de extrema importância para a humanidade.
    Já agora, que baleia mais linda, até parece que está a sorrir não é?

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