Em ano de pandemia, os portugueses marcaram menos vezes o 112. Porém, 65% das chamadas continuam a não corresponder a situações de real emergência, pois ainda há quem ligue por não se lembrar do PIN do telemóvel.
O momento é de pandemia, mas nem por isso os telefones da linha 112 tocam agora mais vezes. Com a menor circulação de pessoas, caíram os pedidos de ajuda e a maioria das ligações continuam a ser falsas emergências.
No Centro Operacional Sul da PSP, em Lisboa, o Observador encontrou novos protocolos e preocupações, mas o trabalho de sempre, aquele que se assinala esta quinta-feira, com o Dia Europeu do 112 – a linha gratuita que é igual em todos os estados membros da União Europeia.
Segundo os dados mais recentes da Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública, em Portugal o serviço 112 atende cerca de 20 mil a 25 mil chamadas diárias.
Ao Observador, o intendente Carlos Martins, coordenador nacional do 112, explica que o número de chamadas caiu “cerca de 5%” com a pandemia e que em apenas 35% das vezes é que do outro lado estão “realmente chamadas de emergência”.
“Um grande número das chamadas atendidas não tem qualquer resposta do outro lado. São o que chamamos chamadas de bolso ou inadvertidas. Há chamadas feitas por brincadeira, especialmente por crianças. Temos também quem ligue para procurar serviços ou porque ficou sem saldo e o 112 é gratuito. Também atendemos pessoas que sofrem de solidão”, partilha Carlos Martins.
Ainda assim, o número de chamadas não emergentes diminuiu nos últimos tempos. Em 2019, apenas 25% das chamadas eram realmente uma emergência, o que significa que em 2020 houve uma percentagem menor de falsas emergências.
“Aparecem muitas chamadas relacionadas com problemas com telemóveis, porque as pessoas não se lembram dos códigos PIN ou PUK, ou crianças que estão a brincar com os telemóveis dos pais”.
Para o coordenador nacional do 112 a redução do número de chamadas é fácil de explicar. Em primeiro lugar, os portugueses aderiram ao apelo de contactar apenas a linha direcionada para a covid-19.
“Ao contrário do que se pensa, tivemos um menor número de chamadas porque as pessoas respeitaram muito a indicação para ligarem para a Linha SNS 24 no que se refere a questões relacionadas com a pandemia. Tal como aconteceu nos hospitais, as pessoas retiveram-se de ligar por emergências médicas”, afirma Carlos Martins.
E não foi só isso, com os períodos de confinamento e com as limitações à circulação, as situações de emergência não relacionadas com a covid-19 também acabaram por diminuir, remata.