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“São uma maldição!” Será que a pandemia “matou” o sutiã de arame?

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Com o confinamento, muitas mulheres passaram a deixar de usar sutiã ou a optar por opções mais confortáveis, como bralettes. As marcas notaram uma quebra na venda dos típicos sutiãs de arame e estão a apostar em alternativas.

A pandemia mudou muitos hábitos das nossas vidas. Desde o uso de máscara ou o teletrabalho, algumas mudanças parecem ser passageiras enquanto que outras parecem ter vindo para ficar.

Na moda, as roupas mais formais deram lugar a opções mais desportivas, as calças de fato de treino substituíram as calças de ganga, os sapatos de salto alto foram trocados por calçado raso e os tecidos mais confortáveis tornaram-se reis.

E há uma peça que há décadas que faz parte do guarda-roupa das mulheres que muitos dizem já ter a morte anunciada — o sutiã com arame. Mas será que, tal como com Mark Twain, os rumores da sua morte são exagerados?

Para Yasmina Floyer, este abandono do sutiã foi bem-vindo. “Não consigo pensar numa única pessoa que usa sutiã que não está familiarizada com a punhalada de um arame rebelde que escapa ao confinamento do seu tecido. Ou aquele suspiro urgente que vem de se desapertar um sutiã no fim do dia”, escreve no The Guardian.

Mas a escritora revela que, nos últimos anos, o mais próxima que esteve de usar um sutiã de arame foi usar um sutiã desportivo. “Será surpreendente que as suas vendas tenham subido tanto que foram adicionadas às medidas da Secretaria de Estatísticas Nacionais que acompanham a inflação? Podemos ter voltado ao trabalho, mas a ideia de voltarmos aos arames parece um passo demasiado grande”, defende.

E os dados comprovam a tendência. Em Outubro de 2020, o retalhista de lingerie Bravissimo anunciou que teve uma quebra de 30% nas receitas e os dados do grupo NPD, que analisa os mercados globais, revelaram que as vendas de sutiãs caíram 16% entre Abril e Junho de 2020.

As vendas de sutiãs sem arames ou de bralettes subiram aproximadamente 40% em relação a 2019, de acordo com o retalhista online Figleaves. De Março de 2021 a Março de 2022, o número de sutiãs desportivos vendidos no Reino Unido saltou um terço e já representam 10% das vendas totais de sutiãs no país, segundo os dados dos analistas da Kantar.

“A disponibilidade crescente de um grande leque de produtos em vários designs e para vários propósitos, como desportivos, de noiva e de uso casual, também estão a definir o mercado global. Nos últimos anos, os movimentos sociais e culturais, como a positividade corporal, a inclusão, a sustentabilidade e a diversidade tiveram um grande impacto no mercado de lingerie“, escreve o Global News Wire.

Para a co-fundadora do site de moda The Industry.Fashion, estas mudanças fazem todo o sentido. “A moda não existe numa bolha, olha sempre para como as pessoas estão a viver, o que estão a consumir. Os estilos de vida das pessoas mudam e a moda tem de responder a isso”, revela Lauretta Roberts.

As listas dos melhores sutiãs de 2021 de revistas de moda como a Vogue incluem também cada vez mais bralettes e modelos desportivos. Na Cosabella, uma marca de lingerie italiana, os bralettes são agora metade das suas vendas.

“Tem havido esta regra que define que as nossas mamas têm de estar amarradas e presas e que temos de fingir que não temos mamilos. Estamos a começar a questionar isso”, revela Chloé Julian, uma ex-designer da marca Savage X Fenty, da cantora Rihanna, ao The New York Times.

Há marcas que até já deixaram completamente de fabricar sutiãs com arame, como a Parade. “Sabemos que há pessoas que ainda usam os arames porque sentem mais apoio ou que lhes dá estrutura por baixo de uma roupa específica, ou porque se sentem melhor a usar um. Para mim tem menos a ver com a morte do arame e mais com a oferta de uma alternativa“, explica Cami Téllez, fundadora da marca.

“Pós-pandemia, desisti de usar sutiã em casa e só uso quando saio. Quem me dera que fossem desnecessários, mas devido à cultura na minha pequena ilha, os mamilos causariam uma pura confusão, acidentes de carro e talvez até uma lei no Parlamento. É interessante, devido às fotografias de mulheres nativas com o peito ao léu antes do domínio colonial. Como estas noções de nos cobrimos foram integradas na sociedade é algo que questiono. Os sutiãs são uma maldição!”, diz Minal Wickrematunge, artista do Sri Lanka, ao The Guardian.

Claro que, para algumas mulheres, os sutiãs continuam a ser sagrados. Para Annette Whymark, de 58 anos, andar sem sutiã é impensável: “Não sou uma pessoa que pode usar roupa sem um, sentir-me-ia demasiado exposta“.

Para Téllez, é tudo uma questão de escolha. “Conheço pessoas que nunca usam um sutiã e outras que usam um para dormir. Reduz-se tudo a quão confortáveis nos sentimos — podemos usar um estilo diferente todos os dias. Durante a pandemia, vimos um aumento da roupa casual, baseada no conforto. Isso não vai mudar, mas vai adaptar-se quando o mundo se volta a abrir”, conclui.

Adriana Peixoto, ZAP //

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1 Comment

  1. SUTIÃS -” Com sutiãs ou sem sutiãs, eis a questão ” Para o olhar masculino, tanto faz, com ou sem, o manuseamento se dá uniformemente. Para a estética feminina torna-se indispensável, principalmente para as mulheres de mamas avantajadas. Mesmo com todo incômodo provocado pelo acessório sustentáculo Quanto as mulheres “sereias”, essas, já não usam, há muito tempo – Há um consenso para se deixar uma “embocadura” a mostrar a ponta da “lança” (dois lados)… Com o passar dos tempos as mulheres sairão às ruas de TOPLESS, para que mais SUTIÃS ?!! Nas praias temos visto muitos exemplares femininos num “LIBERÔ” geral….. è o que pensa joaoluizgondimaguiargondim — [email protected]

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