No formato da famosa personagem de videojogos Pac-Man, os xenobots — robôs feitos a partir de células de sapo — conseguem reproduzir-se.
Xenobots são uma máquina biológica com menos de um milímetro de largura, pequenos o suficiente para viajar dentro dos corpos humanos. Podem ser usados para limpar resíduos radioativos, recolher microplásticos dos oceanos ou transportar remédios para dentro do nosso corpo.
Os xenobots foram criados no ano passado, usando células retiradas do embrião da espécie de sapo Xenopus laevis. Agora, um novo estudo sugere que grupos destes minúsculos robôs vivos podem autorreplicar-se numa placa de Petri empurrando células soltas.
Os investigadores descobriram que estes organismos projetados através de Inteligência Artificial conseguem encontrar células individuais, reunir centenas delas e criar xenobots “bebé” dentro de sa sua “boca” em forma de Pac-Man.
Segundo a Europa Press, alguns dias mais tarde, transformam-se em novos xenobots que, por sua vez, podem também eles encontrar células e construir cópias de si mesmos — e assim repetidamente. Eventualmente, os descendentes com menos de 50 células perdem a capacidade de nadar e reproduzir-se.
Experiências revelaram que grupos de 12 xenobots com cerca de 60.000 células isoladas parecem trabalhar juntos para formar uma ou duas novas gerações.
“Um pai [xenobot] pode começar uma pilha e depois, por acaso, um segundo pai pode empurrar mais células para essa pilha e assim por diante, gerando a criança”, explicou o coautor Josh Bongard, citado pela New Scientist.
Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica PNAS.
“Estas são células de rã que se replicam de uma maneira muito diferente das rãs. Nenhum animal ou planta conhecido pela ciência se reproduz desta maneira”, disse Sam Kriegman, autor principal do novo estudo.
Um algoritmo foi capaz de testar mil milhões de formas de corpos simulados (triângulos, quadrados, pirâmides, estrelas do mar) para encontrar aquelas que permitiriam às células serem mais eficientes na replicação.
“Pedimos ao supercomputador da Universidade de Vermont que descobrisse como ajustar a forma dos pais iniciais, e a Inteligência Artificial surgiu com alguns designs estranhos após meses de trabalho, incluindo um que parecia o Pac-Man”, explicou Kriegman.
É a primeira vez que organismos multicelulares foram vistos a autorreplicar-se de uma forma que não envolve o crescimento no próprio corpo do organismo.
“Este trabalho mostra que havia uma forma até então desconhecida de autorreplicação de vida”, sublinhou Bongard.