O “Enron Egg”, ou “Ovo Enron”, foi anunciado como um suposto micro reator nuclear revolucionário que poderia dar energia a uma casa durante 10 anos. Mas, afinal, é uma paródia.
Este produto inovador era para ser a solução mais económica e sustentável do mercado para as famílias.
O “ovo” mágico movido a energia nuclear teria sido desenvolvido pela Enron, uma empresa de energia americana que já não existe depois de ter ido à falência em 2001.
Durante vários anos, a empresa sediada em Houston, Texas, dominou o mercado da energia, chegando a divulgar lucros líquidos da ordem dos 100 mil milhões de dólares.
Mas a sua reputação começou a cair após a divulgação de graves irregularidades financeiras, nomeadamente de práticas contabilísticas fraudulentas para esconder dívidas avultadas e exagerar os lucros.
“O nuclear em que pode confiar”
Assim, o “Enron Egg” é apenas uma paródia que começou a formar-se no dia 2 de Janeiro, com o anúncio na rede social X, ou Twitter, de que o produto ia “mudar o país para sempre”.
Anunciado como “o primeiro micro reator nuclear feito para dar energia à sua casa”, este “ovo” mágico seria uma pequena central eléctrica compacta desenhada para gerar energia de forma contínua durante, pelo menos, dez anos.
Funcionaria utilizando barras de combustível de hidreto de urânio e zircónio para gerar calor através da fissão nuclear, processo em que ocorre a divisão de átomos, gerando uma grande quantidade de energia. Esse calor gerado seria, depois, convertido em eletricidade para uso doméstico.
No site do “Enron Egg“, explica-se ainda que o calor impulsionaria uma turbina que, ao girar, geraria eletricidade de forma semelhante ao que os moinhos de vento fazem.
“O nuclear em que pode confiar”, foi o irónico slogan escolhido para este produto de mentira que prometia ainda “poder ilimitado, controlado perfeitamente”.
Evento de revelação com o falso CEO
Além do site e da divulgação nas redes sociais, a paródia envolveu ainda um evento de revelação, ou de lançamento, do produto numa imitação das apresentações das grandes companhias tecnológicas, como Apple e Google.
O fictício novo diretor executivo da Enron (lembre-se que a empresa já nem existe), Connor Gaydos, surge neste vídeo de lançamento, a destacar as virtudes do “Enron Egg”.
“Vivo com o ovo há alguns meses e posso dizer-vos que os meus pequenos adoram-no, especialmente porque o que poupamos na conta da luz, podemos gastar nos presentes de Natal“, diz no vídeo de cinco minutos Connor Gaydos, o falso CEO.
Gaydos destaca ainda que o “ovo” até se poderia levar para acampar em família, permitindo noitadas de videojogos “debaixo das estrelas” no meio da natureza.
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Paródia envolve co-fundador da teoria da conspiração sobre os pássaros
Importa realçar que Gaydos é, na verdade, o co-fundador do movimento satírico “Birds Aren´t real” (Os pássaros não são reais) que foi lançado em Janeiro de 2017.
A base do movimento é uma teoria da conspiração satírica que sugere que os pássaros são, na verdade, drones operados pelo governo dos EUA para espionar os cidadãos.
De acordo com a teoria que ganhou popularidade nas redes sociais, o Governo dos EUA exterminou todos os pássaros entre 1959 e 1971, substituindo-os por drones que parecem pássaros reais.
A ideia do movimento é criticar as teorias da conspiração e a desinformação que circula na sociedade, e na Internet.
Quanto ao “Enron Egg”, a paródia está perfeitamente assumida no site do produto, embora possa passar despercebida. “A informação no website é uma paródia protegida pela Primeira Emenda, representa arte de performance e é apenas para efeitos de entretenimento”, explica-se.
Neat. pic.twitter.com/tQiTsklLM8
— Jonathan Caruso (@JonathanACaruso) January 6, 2025
A energia nuclear é considerada uma opção amiga do ambiente que pode ajudar a reduzir as emissões de carbono, mas que exige rigorosas medidas de segurança.
Os parodiantes do “Enron Egg” garantem que este foi desenvolvido de acordo com os padrões mais apertados de segurança, incluindo mecanismos automáticos para deter as reações nucleares em caso de sobre-aquecimento e incorporando blindagem feita de materiais como chumbo, polietileno e boro, reforçada com um revestimento de aço.
Só que é tudo mentira!